DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Alita Sarita Xavier da Silva, 10, vive com os pais e quatro irmãos numa casa alugada de três cômodos no Parque São José, periferia de São Paulo. Três crianças dormem na sala, e duas, na cozinha. Seus pais, uma copeira e um carregador de caixas, têm renda mensal de R$ 650 e gastam R$ 300 só com o aluguel. Alita sofre de miopia, mas a família não conseguiu comprar o par necessário de óculos, a R$ 300.
Alita tem dores de cabeça e dificuldades para ler livros e cadernos. Mesmo com esses problemas, ela enviou uma carta à prefeita Marta Suplicy sem fazer um único pedido. Desejou sorte e elogiou a petista. Essa diferença levou Marta a visitá-la ontem.
A carta se encaixa à perfeição no tom que Marta tem dado à sua campanha no segundo turno, de apelo aos mais pobres. A família recebe leite e uniformes escolares, e os pais usam o bilhete único.
Na carta, Alita disse estar "decepcionada com o povo de São Paulo". "Tanto que a senhora fez por nós e eles não agradecem."
Alita explicou ter tentado, sem sucesso, vaga em um Centro Educacional Unificado. Olhando para Alita, Marta orientou: "Agora a gente tem que trabalhar bastante porque a situação da eleição não está resolvida ainda. Podemos ganhar. Isso que você me escreveu tem que falar para todas as meninas da escola, para falar para as mães delas". Depois, acrescentou: "Agora a cabo eleitoral estará na escola mais forte ainda". (RV)

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