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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO VAVÁ
Construtor afirma ter pago passagem para o irmão do presidente porque olha pelo social e que não recebeu nada por intermediação
Rede de amigos levou a Vavá, diz empresário
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma rede de amizades conectou a Federação Brasileira de Hospitais a Genival Inácio da Silva,
conhecido como Vavá, irmão
mais velho do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. É o que afirmam os envolvidos na agilização
desse encontro -para depois lamentar o fato de a entidade hospitalar não ter conseguido o que
queria, mais rapidez no pagamento de cerca de R$ 600 milhões
que diz ter a receber do governo.
O empresário do ramo da construção civil Galeb Baufaker Júnior
afirmou ter sido o responsável pela ida de Vavá a Brasília em setembro para interceder no Planalto
em nome da federação. Ele disse
que pagou as passagens de avião e
levou Vavá para jantar.
"Passeou, andou, jantou, mostrei os lugares que freqüento",
disse Baufaker Júnior. Segundo
ele, o irmão do presidente ficou
mais alguns dias em Brasília para
relaxar após o insucesso do encontro com um dos assessores de
Lula, César Alvarez.
Baufaker Júnior afirmou ter conhecido Vavá há cerca de um ano
em São Bernardo do Campo
(Grande São Paulo), quando ficaram amigos, e que nunca soube
que o irmão do presidente teria
um escritório para fazer contatos
com o governo. Destacou ainda
que nada recebeu para fazer a intermediação. "Eu sou um cara
que olha muito pelo social", disse
ao ser questionado sobre seus
motivos para ajudar a federação.
"Estão pegando o pobrezinho para Cristo", afirmou sobre Vavá.
A revista "Veja" revelou que Vavá abriu um escritório em São
Bernardo, no início do ano, para
intermediar demandas que empresários teriam em prefeituras
petistas, empresas estatais e órgãos do governo federal.
Eduardo de Oliveira, presidente
da federação, afirmou que um escritório contratado em Brasília
para representar os interesses da
federação conseguiu o contato
com Vavá. Segundo ele, a federação não concorda com o parcelamento da dívida em dez anos, por
causa da crise dos hospitais.
Um dos donos do escritório
contratado pela federação, Sílvio
de Assis, disse que conheceu Baufaker Júnior "em uma roda de
amigos". Ao revelar o caso do
cliente, o empresário do ramo da
construção teria se oferecido para
ajudar, revelando que era amigo
de Vavá. "Não acreditei."
Segundo Assis, no entanto, Baufaker Júnior foi ao seu escritório
dias depois para avisar a data de
chegada de Vavá a Brasília. Ele
afirma não ter pago nada ao empresário. Para ele, Baufaker Júnior o ajudou "para fazer média".
"Não tenho nada a ver com isso,
meu sobrenome não é Inácio da
Silva", afirmou ainda Assis.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, José Agenor Alvares da Silva, disse que a pasta
considera legítimo o pedido da federação, mas não concorda com o
valor cobrado. O ministério moveu uma ação rescisória contra a
federação para pagar R$ 400 milhões, e não R$ 600 milhões aos
hospitais. O parcelamento em dez
anos é previsto na Constituição,
informou ainda Silva.
Representação
O PFL pretende entrar com representação hoje no Ministério
Público contra Genival Inácio da
Silva. O objetivo é que a instituição investigue suposto tráfico de
influência praticado por ele.
O presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), descartou, porém, a convocação do irmão de Lula por uma das CPIs.
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