São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Ex-assessor de Lula segue sob investigação

PF e Promotoria dizem que provas reunidas até agora são insuficientes para descartar participação de Freud no caso

Polícia só acumula indícios, e aguarda identificação da origem do dinheiro para incriminar os envolvidos na negociação do dossiê


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal de Cuiabá (MT) e o Ministério Público Federal informaram ontem que Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segue sob investigação no inquérito que apura a compra do dossiê contra tucanos por R$ 1,7 milhão.
As provas reunidas até o momento, dizem, não são suficientes para descartar uma eventual participação de Godoy na negociação do dossiê.
Segundo a polícia, apenas depois de identificar a origem dos reais e dos dólares apreendidos é que a PF terá elementos suficientes para incriminar os envolvidos. Por enquanto, o que a PF acumula são indícios.
O primeiro surgiu no dia 15 de setembro, quando a PF prendeu o ex-policial Gedimar Pereira Passos, então membro da campanha de Lula à reeleição, e o petista Valdebran Padilha em um hotel em São Paulo.
Naquele mesmo dia, em depoimento ao delegado da PF Edmilson Bruno, o ex-policial afirmou que o pagamento foi feito "a mando de uma pessoa de nome Froude ou Freud", que teria "uma empresa de segurança" no Rio de Janeiro e/ ou em São Paulo.
Segundo o delegado Bruno, quando o ex-policial citou o suposto chefe, não tinha dúvidas sobre a pronúncia, mas sobre a grafia do nome. Falou em Godoy assim que foi preso, ainda no hotel, e depois, já na polícia.
Um segundo ponto foi a declaração do ex-policial sobre a empresa de segurança. De fato, a mulher de Godoy, Simone, tem uma firma de segurança.
O fato de o ex-policial, no momento da prisão, ter jogado fora o chip do seu telefone celular atrapalha a investigação. Por meio do dispositivo, a PF poderia ter acesso à agenda telefônica de Gedimar. Com a quebra do sigilo telefônico, a PF descobriu uma troca de ligações entre Gedimar e Godoy.
Em seu depoimento à PF paulista, o ex-assessor de Lula afirmou que as ligações registradas em agosto serviram para tratar da varredura que seria feita na sede da campanha do PT em Brasília. Disse que, em nenhum momento soube ou tratou da compra de um dossiê.
A polícia também considera o fato de Godoy ter afirmado que foi apresentado ao ex-policial por Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro oficial de Lula e então responsável pelo setor de inteligência da campanha.
Lorenzetti foi citado na investigação como um dos que intermediaram a compra do dossiê e a entrevista de Luiz Antonio Vedoin, chefe dos sanguessugas, à revista "IstoÉ", quando acusou o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), de participar da máfia -depois, ouvido pela PF, Vedoin retirou as acusações contra o tucano.


Texto Anterior: Alckmin
Próximo Texto: Gedimar retifica depoimento e inocenta Godoy
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.