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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Ex-assessor de Lula segue sob investigação
PF e Promotoria dizem que provas reunidas até agora são insuficientes para descartar participação de Freud no caso
Polícia só acumula indícios, e aguarda identificação da origem do dinheiro para incriminar os envolvidos
na negociação do dossiê
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal de Cuiabá
(MT) e o Ministério Público
Federal informaram ontem
que Freud Godoy, ex-assessor
especial do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, segue sob
investigação no inquérito que
apura a compra do dossiê contra tucanos por R$ 1,7 milhão.
As provas reunidas até o momento, dizem, não são suficientes para descartar uma eventual participação de Godoy na
negociação do dossiê.
Segundo a polícia, apenas depois de identificar a origem dos
reais e dos dólares apreendidos
é que a PF terá elementos suficientes para incriminar os envolvidos. Por enquanto, o que a
PF acumula são indícios.
O primeiro surgiu no dia 15
de setembro, quando a PF
prendeu o ex-policial Gedimar
Pereira Passos, então membro
da campanha de Lula à reeleição, e o petista Valdebran Padilha em um hotel em São Paulo.
Naquele mesmo dia, em depoimento ao delegado da PF
Edmilson Bruno, o ex-policial
afirmou que o pagamento foi
feito "a mando de uma pessoa
de nome Froude ou Freud",
que teria "uma empresa de segurança" no Rio de Janeiro e/
ou em São Paulo.
Segundo o delegado Bruno,
quando o ex-policial citou o suposto chefe, não tinha dúvidas
sobre a pronúncia, mas sobre a
grafia do nome. Falou em Godoy assim que foi preso, ainda
no hotel, e depois, já na polícia.
Um segundo ponto foi a declaração do ex-policial sobre a
empresa de segurança. De fato,
a mulher de Godoy, Simone,
tem uma firma de segurança.
O fato de o ex-policial, no
momento da prisão, ter jogado
fora o chip do seu telefone celular atrapalha a investigação.
Por meio do dispositivo, a PF
poderia ter acesso à agenda telefônica de Gedimar. Com a
quebra do sigilo telefônico, a
PF descobriu uma troca de ligações entre Gedimar e Godoy.
Em seu depoimento à PF
paulista, o ex-assessor de Lula
afirmou que as ligações registradas em agosto serviram para
tratar da varredura que seria
feita na sede da campanha do
PT em Brasília. Disse que, em
nenhum momento soube ou
tratou da compra de um dossiê.
A polícia também considera
o fato de Godoy ter afirmado
que foi apresentado ao ex-policial por Jorge Lorenzetti, o
churrasqueiro oficial de Lula e
então responsável pelo setor de
inteligência da campanha.
Lorenzetti foi citado na investigação como um dos que intermediaram a compra do dossiê e a entrevista de Luiz Antonio Vedoin, chefe dos sanguessugas, à revista "IstoÉ", quando
acusou o governador eleito de
São Paulo, José Serra (PSDB),
de participar da máfia -depois,
ouvido pela PF, Vedoin retirou
as acusações contra o tucano.
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