São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Jefferson Peres vai relatar 3º processo, que ficou quase 2 meses parado na Casa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos primeiros parlamentares a cobrar publicamente a saída de Renan Calheiros (PMDB) da presidência do Senado, Jefferson Peres (PDT) foi escolhido ontem para ser o relator no Conselho de Ética do processo que acusa o peemedebista de usar "laranjas" para comprar rádios em Alagoas.
O caso das rádios, cuja representação foi feita por PSDB e DEM, é o segundo na fila de votações no conselho -depois do caso Schincariol. Para a oposição, é a denúncia mais complicada para Renan e a que tem potencial para levá-lo a enfrentar o plenário novamente.
Por esse motivo, o caso ficou parado quase dois meses na Casa. A Mesa Diretora autorizou a abertura do processo em 16 de agosto. Na seqüência, chegou às mãos do presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB), que sucessivamente alegou dificuldade para encontrar um relator. Ontem, porém, Quintanilha admitiu que ainda não havia consultado Peres.
Três fatores podem complicar Renan: 1) o depoimento do usineiro João Lyra, seu desafeto, que foi sócio na compra das rádios; 2) o envolvimento direto de Tito Uchôa, suposto "testa-de-ferro" de Renan; 3) a existência de provas documentais das negociações.
Além disso, pesa contra ele a crescente insatisfação com sua permanência à frente do Senado, que ganhou a adesão de líderes do PT e de parte do PMDB, até então seus aliados.
Peres disse que chegou a relutar em assumir o cargo porque sua posição pelo afastamento de Renan era aberta desde o início da crise. Prometeu apresentar seu relatório no prazo estabelecido pela oposição, dia 2 de novembro. Sobre o relatório, Peres foi sucinto: "O parecer tem de ser baseado em provas. Se for um julgamento político, pode ser injusto".
Apesar de agradar à oposição, que temia pela indicação de mais um aliado do presidente do Senado, os renanzistas afirmaram reservadamente que a escolha de Quintanilha foi estratégica: apontou um senador que estaria sob a mira das ameaças de Renan.
Em agosto, renanzistas disseram que Peres foi acusado de gestão fraudulenta de uma empresa na década de 50 e que empregava sua mulher no Senado. O pedetista diz que foi diretor de uma siderúrgica no Amazonas, que faliu. A diretoria foi denunciada, afirma, por apropriação indébita porque a empresa não pôde recolher Imposto de Renda nem encargos sociais dos empregados. Ele afirma que a Justiça o absolveu.
Peres disse que deve se reunir com Romeu Tuma (PTB) e requisitar documentos coletados pelo corregedor. (SN)


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