São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Clima no Senado é "preocupante", diz líder do governo a Lula

Em reunião com o presidente, Romero Jucá (PMDB) fala do risco de não aprovar a CPMF na Casa e sai com a missão de buscar uma solução para o caso Renan

VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião no Planalto, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), relatou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o clima na Casa é "preocupante e está se deteriorando", alertou que há riscos para aprovar a CPMF ainda neste ano e saiu com a missão de buscar uma solução negociada para a crise que envolve Renan Calheiros (PMDB-AL).
Coube ao líder governista a incumbência de tentar convencer Renan a se afastar da presidência do Senado, com a ajuda de alguns amigos dele, como o governador Teotônio Vilela (PSDB-AL). Na avaliação do governo, o presidente Lula não pode cumprir esse papel.
Ao retornar ao Senado, Jucá reuniu-se no final da tarde com líderes da oposição no gabinete de Arthur Virgílio (PSDB-AM). Também estavam presentes Tasso Jereissati (PSDB-CE), José Agripino Maia (DEM-RN) e Demóstenes Torres (DEM-GO), além de Teotonio Vilela.
O líder governista tenta costurar um acordo com a oposição que leve a um afastamento de Renan com a garantia de que ele terá o mandato preservado.
Segundo a Folha apurou, três cenários foram apresentados ao presidente do Senado: 1) licença do cargo, com o vice Tião Vianna (PT-AC) assumindo; 2) renúncia, com um acordo para eleição de um peemedebista para o seu lugar; e 3) Renan se mantém no cargo até a aprovação da CPMF e, depois, se afasta da presidência.
Renan não está mais totalmente irredutível em discutir uma licença do cargo, segundo a reportagem apurou. No entanto, ele só aceitaria se afastar caso ficasse livre de uma cassação. Essa garantia, segundo o próprio senador, é difícil de ser obtida e pode levá-lo a enfrentar novamente um processo de cassação no plenário.
Ontem, amigos de Renan voltaram a aconselhá-lo a pelo menos pedir licença caso queira preservar seu mandato. O recado passado é que ele perdeu o controle do processo e que, hoje, seria cassado. Um desses interlocutores foi o seu amigo Teotônio Vilela.
Jucá, depois do encontro com a oposição, reuniu-se com Renan no início da noite. Após o encontro, porém, o líder do governo confidenciou a amigos que estava difícil convencer o presidente do Senado a aceitar uma saída negociada.
Apesar do fracasso nas tentativas de ontem, aliados de Renan ainda acreditam que ele pode mudar de idéia até o final da semana.

CPMF
A nova investida de líderes governistas para tirar Renan do cargo se deve ao calendário apertado para aprovar a CPMF, que chegou ontem ao Senado.
A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que trata da continuidade do imposto até 2011 foi lida na tarde de ontem no plenário. De lá, seguiu para aval da Comissão de Constituição e Justiça, onde a relatora será a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Por orientação partidária, ele vetará a CPMF.
No cronograma do governo, a CPMF seria votada em primeiro turno no plenário do Senado no dia 6 de dezembro. O segundo turno seria em 18 de dezembro. Um atraso nessa tramitação pode inviabilizar a votação neste ano, jogando para 2008 a prorrogação do imposto.
Jucá afirmou que espera resolver a crise antes de levar a CPMF a plenário. "É um momento de dificuldade, de atrito. Mas vamos encontrar uma solução para diminuir a pressão." Na avaliação do governo, a aprovação da proposta não corre risco. No cenário mais conservador, ele teria o mínimo necessário de votos, 49.


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