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SOB PRESSÃO
Sarney elogia Lula e lembra sacrifício pelo Plano Cruzado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal defensor do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva diante
de uma platéia de peemedebistas,
o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi protagonista
do momento mais quente da reunião do PMDB de ontem. Ironizado pela maioria da platéia de parlamentares e dirigentes do partido, ele teve que evocar o passado
como presidente da República
para pedir respeito aos presentes.
"Peço consideração porque fui
presidente do PMDB e presidente
da República, quando fiz 21 governadores", disse Sarney diante
do deboche. Ele se referia ao Plano Cruzado, que, ao não sofrer os
ajustes defendidos por economistas, acabou elegendo vários peemedebistas governadores.
O mal-estar começou quando
Sarney leu a pauta da reunião para a qual tinha sido convidado e
da qual constava que o encontro
discutiria o resultado das eleições
e o tema "Quantos Somos e para
Onde Vamos em 2006". "Essa discussão que tomou conta não fazia
parte da pauta", disse ele, em referência ao desejo de integrantes do
partido de saírem do governo. Os
presentes reagiram com um
"ah!", simulando ingenuidade.
O Plano Cruzado entrou na artilharia de Sarney. "Estou há 20
anos no PMDB e jamais admiti
sair do partido. Quando fui presidente, prestigiei o partido em todos os momentos. Hoje pago sozinho a responsabilidade pelo
Plano Cruzado, que nos deu condições de eleger 21 governadores,
entre eles o [Orestes] Quércia",
disse ele, que dividia a mesa com
o ex-governador de São Paulo, favorável à ida para a oposição.
Ao defender o governo, Sarney
elogiou o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. "No momento em
que o presidente é um operário,
está fazendo um governo pela inclusão social, tem programa social definido, carisma e biografia
como ninguém tem, o partido
atabalhoadamente decide deixar
o governo", disse ele, que praticamente não foi aplaudido no final.
Ainda tentando se impor à platéia, o presidente do Senado citou
Quércia mais uma vez, discordando da declaração do ex-governador de que o Brasil não cresce há
20 anos. "Nos cinco anos em que
fui presidente o país cresceu 5%
ao ano, o que não foi repetido por
nenhum governo".
Mais tarde, quando chegou ao
Senado, Sarney disse que as discussões sobre a reeleição dos
atuais presidentes da Câmara e do
Senado não influenciam no racha
do PMDB. Para ele, seu partido
não possui candidatura natural
para disputar o Planalto em 2006.
(JULIA DUAILIBI, FERNANDA KRAKOVICS e IURI DANTAS)
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