São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2004

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SOB PRESSÃO

Sarney elogia Lula e lembra sacrifício pelo Plano Cruzado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal defensor do governo de Luiz Inácio Lula da Silva diante de uma platéia de peemedebistas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi protagonista do momento mais quente da reunião do PMDB de ontem. Ironizado pela maioria da platéia de parlamentares e dirigentes do partido, ele teve que evocar o passado como presidente da República para pedir respeito aos presentes.
"Peço consideração porque fui presidente do PMDB e presidente da República, quando fiz 21 governadores", disse Sarney diante do deboche. Ele se referia ao Plano Cruzado, que, ao não sofrer os ajustes defendidos por economistas, acabou elegendo vários peemedebistas governadores.
O mal-estar começou quando Sarney leu a pauta da reunião para a qual tinha sido convidado e da qual constava que o encontro discutiria o resultado das eleições e o tema "Quantos Somos e para Onde Vamos em 2006". "Essa discussão que tomou conta não fazia parte da pauta", disse ele, em referência ao desejo de integrantes do partido de saírem do governo. Os presentes reagiram com um "ah!", simulando ingenuidade.
O Plano Cruzado entrou na artilharia de Sarney. "Estou há 20 anos no PMDB e jamais admiti sair do partido. Quando fui presidente, prestigiei o partido em todos os momentos. Hoje pago sozinho a responsabilidade pelo Plano Cruzado, que nos deu condições de eleger 21 governadores, entre eles o [Orestes] Quércia", disse ele, que dividia a mesa com o ex-governador de São Paulo, favorável à ida para a oposição.
Ao defender o governo, Sarney elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "No momento em que o presidente é um operário, está fazendo um governo pela inclusão social, tem programa social definido, carisma e biografia como ninguém tem, o partido atabalhoadamente decide deixar o governo", disse ele, que praticamente não foi aplaudido no final.
Ainda tentando se impor à platéia, o presidente do Senado citou Quércia mais uma vez, discordando da declaração do ex-governador de que o Brasil não cresce há 20 anos. "Nos cinco anos em que fui presidente o país cresceu 5% ao ano, o que não foi repetido por nenhum governo".
Mais tarde, quando chegou ao Senado, Sarney disse que as discussões sobre a reeleição dos atuais presidentes da Câmara e do Senado não influenciam no racha do PMDB. Para ele, seu partido não possui candidatura natural para disputar o Planalto em 2006. (JULIA DUAILIBI, FERNANDA KRAKOVICS e IURI DANTAS)

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