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PT NO DIVÃ
Grupo de 16 deputados federais da sigla afirmam que resultado das urnas reflete insatisfação com rumos do governo
Esquerda petista vê derrota e a credita a Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dezesseis deputados federais
que compõem a esquerda do PT
classificaram ontem o desempenho do partido nas eleições como
o exemplo da insatisfação da militância e da população contra os
rumos adotados pelo governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
Diferentemente da cúpula do
PT, a esquerda do partido diz
abertamente que a legenda sofreu
uma derrota eleitoral, já que, apesar de obterem um maior número
de prefeitos do que em 2000, os
petistas perderam terreno nas 96
cidades mais relevantes politicamente -as 26 capitais e outras 70
com mais de 150 mil habitantes.
"O partido teve uma derrota política no 2º turno. A direção nacional quer tapar o sol com a peneira,
mas as urnas mostram o desapontamento, a insatisfação, a
frustração com as mudanças que
não vieram", disse Ivan Valente
(SP), integrantes do grupo. Ele diz
que o partido vem perdendo sua
coerência e identidade política.
O PT elegeu 187 prefeitos em
2000, número que subiu para 411
neste ano. Já nas 96 cidades mais
importantes, o partido caiu de 29
para 24 prefeituras.
"O PT pode ter perdido em duas
prefeituras que todos consideram
de fundamental importância, São
Paulo e Porto Alegre, mas a nossa
prefeita Marta Suplicy obteve
62% dos votos regulares e positivos [em pesquisa de avaliação].
Isso é uma conquista", rebateu, da
tribuna da Câmara, o deputado
Professor Luizinho (PT-SP), líder
do governo na Casa. Segundo ele,
o governo foi "amplamente ovacionado nas urnas".
Desde pouco tempo após a posse de Lula, a bancada de deputados e senadores do PT abriga uma
ala dissidente, que critica principalmente a política econômica do
governo federal. Foi da ala que
vieram a maior resistência da
bancada para projetos vitrines do
primeiro ano do governo petista
-reforma da Previdência é o caso mais exemplar. O partido possui 90 deputados federais.
"O PT perdeu densidade eleitoral, massa crítica. Há uma angústia muito grande, é preciso fazer
um movimento de reanimação
do PT", disse Chico Alencar (RJ).
Segundo ele, o Planalto, com sua
política, insiste no "mito de que se
pode governar sem causar conflitos".
(RANIER BRAGON)
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