São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2004

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PT NO DIVÃ

Grupo de 16 deputados federais da sigla afirmam que resultado das urnas reflete insatisfação com rumos do governo

Esquerda petista vê derrota e a credita a Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dezesseis deputados federais que compõem a esquerda do PT classificaram ontem o desempenho do partido nas eleições como o exemplo da insatisfação da militância e da população contra os rumos adotados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Diferentemente da cúpula do PT, a esquerda do partido diz abertamente que a legenda sofreu uma derrota eleitoral, já que, apesar de obterem um maior número de prefeitos do que em 2000, os petistas perderam terreno nas 96 cidades mais relevantes politicamente -as 26 capitais e outras 70 com mais de 150 mil habitantes.
"O partido teve uma derrota política no 2º turno. A direção nacional quer tapar o sol com a peneira, mas as urnas mostram o desapontamento, a insatisfação, a frustração com as mudanças que não vieram", disse Ivan Valente (SP), integrantes do grupo. Ele diz que o partido vem perdendo sua coerência e identidade política.
O PT elegeu 187 prefeitos em 2000, número que subiu para 411 neste ano. Já nas 96 cidades mais importantes, o partido caiu de 29 para 24 prefeituras.
"O PT pode ter perdido em duas prefeituras que todos consideram de fundamental importância, São Paulo e Porto Alegre, mas a nossa prefeita Marta Suplicy obteve 62% dos votos regulares e positivos [em pesquisa de avaliação]. Isso é uma conquista", rebateu, da tribuna da Câmara, o deputado Professor Luizinho (PT-SP), líder do governo na Casa. Segundo ele, o governo foi "amplamente ovacionado nas urnas".
Desde pouco tempo após a posse de Lula, a bancada de deputados e senadores do PT abriga uma ala dissidente, que critica principalmente a política econômica do governo federal. Foi da ala que vieram a maior resistência da bancada para projetos vitrines do primeiro ano do governo petista -reforma da Previdência é o caso mais exemplar. O partido possui 90 deputados federais.
"O PT perdeu densidade eleitoral, massa crítica. Há uma angústia muito grande, é preciso fazer um movimento de reanimação do PT", disse Chico Alencar (RJ). Segundo ele, o Planalto, com sua política, insiste no "mito de que se pode governar sem causar conflitos". (RANIER BRAGON)


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