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Mercadante pede fim de
"continuísmo" na economia
Senador petista defende reforma da Previdência
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem o cargo de líder do governo e enfraquecido pelo dossiegate, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu ontem mudanças na política econômica para atingir a meta de
crescimento de 5% ao ano e
afirmou que é preciso avançar
na reforma da Previdência.
Mercadante quis abrir um
debate no Senado sobre a política econômica, além de propor
à oposição um pacto para aprovar uma agenda legislativa que
contribuísse para o crescimento do país. Ele tenta recuperar
um lugar de destaque na Casa
depois que o ex-coordenador
de sua campanha ao governo
paulista Hamilton Lacerda foi
envolvido no caso do dossiê.
O líder do PFL, senador José
Agripino (RN), interpretou o
discurso do petista no plenário
do Senado como uma tentativa
de colocar seu nome na reforma ministerial que será promovida pelo presidente Lula: "Ele
apresentou-se como um elemento capaz de vestir o figurino de ministro se o governo estiver disposto a mudar a política econômica", disse.
Para Mercadante, a receita
para um crescimento econômico acelerado é o aumento do investimento público, que seria
conseguido com a redução do
gasto corrente. Segundo ele, só
a redução da taxa de juros não
permite o aumento dos investimentos. "Sou contra o continuísmo da política econômica.
A política econômica que tivemos nesse período foi uma política de transição, que cumpriu
o seu papel, estabilizou a economia", disse ele: "Essa política
econômica não vai permitir o
crescimento de 5% ao ano, que
é a meta do segundo governo".
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou,
no dia do segundo turno das
eleições presidenciais, que seria o fim da "era Palocci", em
relação à política econômica
adotada no primeiro mandato
do presidente Lula pelo ministro Antonio Palocci. Genro foi
repreendido por Lula.
Mercadante disse ainda que
não adianta continuar apenas
aumentando o superávit primário, fazendo ajuste fiscal e
buscando combinar essa política monetária com a política fiscal. Para ele, não é possível reduzir agora o superávit primário de 4,25% do PIB devido ao
déficit nominal de 3% do PIB.
Mercadante defendeu um
"novo desenvolvimentismo",
com o foco da política econômica e orçamentária no investimento para impulsionar o crescimento sustentável do país.
Garcia
O presidente interino do PT,
Marco Aurélio Garcia, disse em
nota que concorda com parte
do que disse o senador Aloizio
Mercadante. "A fala do senador
coincide em muitos pontos
com minhas idéias (em outros
nem tanto) e está sintonizada
com o debate que o governo
vem realizando há tempos",
disse Garcia, sem especificar
quais os pontos convergentes.
A nota de Garcia rebateu a interpretação de alguns portais
de internet de que a crítica ao
"velho desenvolvimentismo"
seria uma referência a ele. Garcia diz que conversou por Mercadante antes do discurso.
"Quem conhece minhas posições -e um jornalismo sério
poderia apurá-las- saberia
que, pelo menos, desde 1994,
quando coordenei o Programa
de Governo de Lula, tenho criticado publicamente o "velho"
desenvolvimentismo (da mesma forma que o neoliberalismo) por seu caráter concentrador de renda, fiscalmente inconsistente e de difícil convivência com a democracia."
Garcia finaliza a nota com
um desabafo: "E depois dizem
que tenho má vontade com certo tipo de imprensa".
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