São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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OPERAÇÃO SENTINELA

Empresários teriam manipulado duas licitações, que totalizam R$ 11,9 milhões; 5 empresas são investigadas

Justiça solta últimos acusados do caso TCU

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça soltou os empresários Robério Bandeira de Negreiros e Robério Bandeira de Negreiros Filho, da empresa Brasfort, presos sob a acusação de praticar fraudes em licitações do TCU (Tribunal de Contas da União) com a participação de seus próprios concorrentes e de servidores do órgão.
Negreiros pai e filho foram os últimos a ganhar a liberdade entre os seis empresários e quatro servidores do TCU presos pela Polícia Federal na Operação Sentinela, realizada no dia 2 deste mês.
Procurado pela reportagem às 18h de ontem, em seu escritório e no telefone celular, o advogado de Negreiros e Negreiros Filho não atendeu às ligações.
Na Operação Sentinela, a PF investiga a suposta manipulação de duas licitações do TCU em 2004 que totalizam R$ 11,9 milhões. Em ambas, a Brasfort foi beneficiada total ou parcialmente.
A Brasfort é uma das cinco empresas no setor de segurança e contratação de mão-de-obra terceirizada sob investigação da PF. O conjunto inclui a Confederal, que pertence ao ministro Eunício Oliveira (Comunicações) e à sua mulher, Mônica. O ministro declara-se afastado da empresa.
De acordo com escutas telefônicas feitas pela PF com autorização judicial, o sucesso da Brasfort teria sido garantido pela colaboração de servidores do TCU.
O principal articulador dos interesses da empresa dentro do tribunal, conforme apontado em despacho judicial que levou à prisão de empresários e servidores, é o secretário-geral de Administração do órgão, Antonio José Ferreira da Trindade.
Segundo o despacho judicial, que compila dados de relatórios de investigação da PF, Trindade teria defendido também os interesses da Brasfort ao propor ao TCU a possibilidade de modificar parte dos critérios observados na reformulação dos valores de contratos firmados pela administração pública. A decisão proferida pelo órgão, no entanto, atendeu somente em parte à suposta demanda da Brasfort.
Pelo que consta das escutas da PF, o diretor comercial da Confederal, Ênio Brião Bragança, que foi preso e também já está solto, teria acertado com a Brasfort procedimentos para que, elevando o preço de sua proposta, ficasse de fora de uma disputa realizada em setembro. A manipulação garantiu à Brasoft um contrato de R$ 5,5 milhões.
Deixaram a custódia da PF em Brasília nesta semana o executivo Ênio Bragança e os empresários Marcelo Borges, Carlos Antonio Almeida e Miguel Novais da Silva.


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