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União anistia Chico Mendes 20 anos após seu assassinato
Indenização paga à viúva será de R$ 337,8 mil, mais pensão vitalícia de R$ 3 mil
Ex-ativista ambiental foi anistiado pela perseguição sofrida durante a ditadura, quando foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional
LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO
O ex-líder seringueiro e ativista ambiental Chico Mendes
recebeu oficialmente ontem,
20 anos depois de ser assassinado, o perdão do Estado brasileiro e foi anistiado pela perseguição sofrida durante a ditadura militar (1964-1985).
Assassinado em 22 de dezembro de 1988 na porta de sua
casa, em Xapuri, quando o Brasil já havia deixado para trás 21
anos de governo militar e tinha
uma nova Constituição, promulgada dois meses antes, Chico foi perseguido entre os anos
de 1980 e 1984 por suas atividades sindicais e pelo ideal de
preservação da Amazônia.
Ele foi enquadrado na Lei de
Segurança Nacional em fevereiro de 1981, acusado de "incitar atentado contra a paz, a
prosperidade e a harmonia entre as classes sociais", e chegou
a ser detido algumas vezes.
Para o ministro da Justiça,
Tarso Genro, que participou do
julgamento, é impossível dissociar a perseguição que o ex-seringueiro sofreu, durante a ditadura, com sua morte, ocorrida em tempos de democracia.
"Indiretamente, seu assassinato estava relacionado com isso." Para Tarso, "o Estado brasileiro não soube compreender
tudo o que ele representava naquele momento".
A sessão foi acompanhada
pelo governador do Acre, Binho
Marques (PT), pelos dois filhos
de Chico Mendes e pela viúva,
Ilzamar, além de amigos e
membros de movimentos sociais. Ilzamar foi quem encaminhou o pedido de reparação à
Comissão de Anistia em 2005.
Em decisão unânime, a comissão concedeu à viúva indenização de R$ 337,8 mil, além
do direito de receber pensão vitalícia no valor de R$ 3.000.
Dois anos depois do assassinato de Mendes, os fazendeiros
Darly Alves da Silva e Darcy Alves da Silva foram condenados
pelo crime a 19 anos de prisão.
O repórter LUCAS FERRAZ viajou a Rio Branco
em aeronave da FAB, a convite do Ministério da
Justiça
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