São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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PAINEL

A história de sempre
A equipe econômica e o PT já avaliam que dificilmente conseguirão aprovar a reforma tributária em 2003. O tema desperta muitos interesses contraditórios e o governo quer, antes de enviar uma proposta ao Congresso, tentar buscar um consenso, o que deve levar muito tempo.

Prioridade número 1
O governo aposta que a única reforma que conseguirá aprovar em 2003 será a da Previdência. Sem a tributária, o PT terá de lutar no Congresso pela prorrogação da CPMF e da alíquota de 27,5% do Imposto de Renda, propostas que, enquanto estava na oposição, sempre criticou.

Factóides presidenciais
Após levar seus ministros para conhecer a miséria na "caravana da fome", Lula pretende voltar a uma porta de fábrica.

Assuntos gerais
Os economistas perderam a hegemonia na Fazenda. Joaquim Levy (secretário do Tesouro) é engenheiro naval. Jorge Rachid (Receita) é administrador. E o assessor especial para assuntos estratégicos, Edmundo de Oliveira, é jornalista. Além de Antonio Palocci Filho, médico.

Meio a meio
De economistas mesmo na equipe liderada por Antonio Palocci Filho (Fazenda), há Marcos Lisboa (secretário de Política Econômica), Otaviano Canuto (Assuntos Internacionais), Bernard Appy (secretário-executivo) e Arno Augustin (secretário-executivo adjunto).

Convergência estratégica
Sarney e Renan Calheiros firmaram um pacto de não aceitar um terceiro nome do PMDB para a presidência do Senado. Não gostaram da ação de Ramez Tebet (MS), que, interessado em permanecer no cargo, procurou Lula e dirigentes petistas.

Novos baianos
O marqueteiro Duda Mendonça é apontado no DF como o grande mentor da escolha de Gilberto Gil para a Cultura.

Feitiço contra feiticeiro
Vicente Chelotti, ex-diretor da PF, e Washington Melo (Interpol) são acusados na corregedoria da PF de omitir documento que inocentava FHC no dossiê Caribe (papéis falsos sobre conta no exterior). A acusação é dos delegados do caso, Paulo de Tarso Teixeira e Jorge Pontes.

Omissão proposital
A agente que foi ao Caribe com Chelotti e Melo em 98, Ângela Mardegan, contou à PF que Chelotti disse que Teixeira não podia saber do documento favorável a FHC. E que os dois também podem ter entendido errado quando um advogado das Bahamas disse que Sérgio Motta dirigia a empresa falsa.

Outro lado
Na versão de Chelotti e Melo, o documento foi omitido por inocentar apenas FHC, Serra e Covas e que, se levado ao delegado, lançaria suspeita sobre Motta. No seu relatório, Melo diz que o advogado das Bahamas afirmou ser verdadeiro o papel falso que ligava Motta ao dossiê.

Antigrampo
A Fence, empresa de contra-espionagem contratada pelo então ministro da Saúde, José Serra, recebeu em 2002 R$ 818 mil do governo federal. Além da pasta da Saúde, o STF, os Correios e a Companhia Nacional de Abastecimento contrataram os serviços da mesma empresa.

Terra e mar
O PL ficará com a presidência do DNIT (sucessor do DNER) e das companhias que comandam as docas dos portos nos Estados, inclusive do porto de Santos. Os Correios, que iriam para o partido, acabaram nas mãos do PDT, provavelmente para Vivaldo Barbosa (RJ).

UTI federal
O governador Paulo Hartung (ES) se reunirá na terça com Antonio Palocci Filho (Fazenda) em busca de recursos para o pagamento de salários atrasados herdados do governo anterior.

TIROTEIO

Do deputado federal eleito Moreira Franco (PMDB-RJ), sobre o apoio da cúpula do PT à candidatura de José Sarney (AP) à presidência do Senado:
- O PMDB sabe tudo de boquinha desde o governo José Sarney, porque foi ele que começou tudo isso. Se o PT pensa que vai nos enganar, é o PT que está enganado.

CONTRAPONTO

Exílio telefônico

Em 1957, o presidente Juscelino Kubistchek conversava no Palácio das Laranjeiras, sede do governo, com a primeira-dama, Sarah, e o ex-ministro do TCU Olavo Drummond quando o telefone tocou.
Juscelino fez menção de atendê-lo, mas Sarah pediu que ele não o fizesse.
O irmão de Sarah, Geraldo Lemos, brincou:
- Deixa ele atender. Quando ele não for mais presidente e quiser atender, vai ouvir do outro lado: "Desculpe, foi engano".
Anos depois, já no exílio na França, JK estava num apartamento em Paris com Sarah quando o telefone tocou. O ex-presidente retirou o aparelho do gancho. O interlocutor perguntou, em francês:
- É da Galeria Lafaiete?
JK respondeu, usando o seu apelido da infância:
- Não, não. É da pensão do Nonô...


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