|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministério Público acusa Jungmann de desvio de verbas
Ex-funcionários da pasta e sócios de empresas também são citados em ação; ex-ministro de FHC nega irregularidades
Segundo a Promotoria, R$ 33 milhões teriam sido desviados do Ministério do Desenvolvimento Agrário por um esquema de fraudes
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
entrou com ação de improbidade administrativa contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Ele foi acusado de chefiar
um "esquema ilícito" pelo qual
teriam sido desviados R$ 33
milhões do Ministério do Desenvolvimento Agrário, pasta
que comandou de 1999 a 2002.
Jungmann nega irregularidades.
A ação foi movida também
contra a ex-assessora de Jungmann Flávia Torreão, dois ex-funcionários do ministério e
sócios da RRN Comunicação,
da Casa Blanca Comunicação e
da Artplan Comunicação, que
teriam sido usadas na fraude.
"Conforme apurado, os réus
Raul Jungmann, Flávia Torreão [...] estruturam um esquema ilícito voltado para o desvio
de recursos públicos destinados ao pagamento de contratos
de publicidade", escreveram na
ação os procuradores José Alfredo de Paula Silva e Raquel
Branquinho Nascimento.
O Ministério Público Federal
afirma que houve fraude e superfaturamento em contratos
fechados pelo ministério com
as empresas Casa Blanca e Artplan, que por sua vez teriam
subcontratado outras empresas também de modo irregular.
Integrante do chamado
"Grupo dos 30", formado por
deputados que defendem atuação ética dos congressistas, a
campanha de Jungmann a deputado recebeu R$ 20 mil da
Artplan em 2002, única doação
feita pela agência naquele ano.
Segundo a ação, Jungmann e
Flávia Torreão teriam praticado "as seguintes ilicitudes":
1) "Montagem de um sórdido
esquema para beneficiar a empresa RRN [...], mediante sua
contratação sem a anuência
prévia do Incra [órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário]";
2) Subcontratação de empresas fantasmas;
3) Fraude na apresentação de
propostas para subcontratação
e desvio do orçamento;
4) Falta de documento que
prove a execução do serviço.
De acordo com os procuradores, Jungmann centralizava ou
delegava a Flávia Torreão decisões sobre os contratos de publicidade e assessoria de imprensa. Segundo a ação, Flávia
deixou o cargo de assessora do
gabinete do ministro em maio
de 1999, mas continuou comandando a área de comunicação. Foi contratada pela RRN,
por sua vez subcontratada pela
Casa Blanca e pela Artplan.
"Não obstante a contratação
de Flávia Torreão por uma subcontratada da empresa Casa
Blanca, a mesma continuou a
exercer, de fato, a coordenação
da Assessoria de Comunicação
Social, tanto é que comparecia
em todas as reuniões do colegiado, tendo "voz ativa'", disse
Elga Siqueira da Silva.
A ação foi proposta à Justiça
Federal em 19 do mês passado,
após dois anos de investigação.
Ao contrário do que Flávia
Torreão disse à Folha, o prazo
da ação não prescreveu em seu
caso, no entendimento dos
procuradores. Apesar de ter
deixado o ministério em 1999
(o prazo para o ingresso de
ação prescreve após cinco anos
do fato ocorrido), ela responderia de acordo com o prazo aplicável a Jungmann, que só prescreveria em abril.
Texto Anterior: "Se governo vai mal, oposição tem que ir bem", diz Alckmin antes de ir aos EUA Próximo Texto: Outro lado: Deputado se diz surpreso com as acusações Índice
|