|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FAB exige em licitação cortesia "open bar"
Licitação é para explorar camarote do Carnaval em área da Aeronáutica, em Salvador; comando pede 150 ingressos por dia
Ministério Público Federal considera que a exigência é ilegal e causa prejuízo ao erário e abriu inquérito
civil para apurar o caso
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O comando da Aeronáutica
exigiu, em edital de licitação
para exploração de área da
União localizada no circuito do
Carnaval de Salvador, o recebimento de 150 cortesias por dia
para a Força Aérea no camarote, com direito a "open bar"
(bebida livre).
Localizadas em Ondina -um
dos principais pontos da folia
baiana -, as instalações da Aeronáutica ocupam um espaço
privilegiado, em frente ao mar,
local de passagem obrigatória
para todos os blocos e trios que
desfilam no circuito Barra/Ondina. A licitação é para exploração de um camarote com localização prevista na área federal.
O Ministério Público Federal
considerou que a exigência
-inédita nas licitações que a
Aeronáutica promove anualmente para exploração da
área- é ilegal e abriu inquérito
civil para apurar o caso.
Para a procuradora Juliana
Moraes, a proposta "atenta
contra o princípio da isonomia
e causa prejuízo ao erário, já
que os custos relativos à disponibilização do espaço serão
contabilizados pelos licitantes
no preço ofertado e, indiretamente, deixarão de ser revertidos aos cofres públicos".
Além das 150 cortesias por
dia, a Aeronáutica também pediu que seus convidados tenham o mesmo tratamento
oferecido aos foliões que vão
pagar para acompanhar os desfiles no camarote.
Com exceção dos espaços comandados por Daniela Mercury e Gilberto Gil, que somente aceitam convidados, os outros camarotes do circuito Barra/Ondina são pagos. Os convites mais caros custam R$ 350/
dia por pessoa, com direito a
comidas e bebidas. Quem compra o pacote paga, em média,
30% a menos.
No circuito mais tradicional
do Carnaval de Salvador, os três
quilômetros que ligam o bairro
do Campo Grande à praça da
Sé, no centro da cidade, há poucos camarotes, a maioria de órgãos do governo e da prefeitura.
Moralidade
O inquérito quer apurar os
"benefícios incompatíveis com
as funções públicas e a moralidade administrativa". O órgão
também solicitou que a gestora
de licitações da Base Aérea de
Salvador, Maria Monteiro de
Pinho, apresente os três últimos editais.
A Aeronáutica terá o prazo de
três dias, contados a partir de
segunda-feira, para indicar à
Procuradoria a necessidade das
cortesias e do "open bar", além
de justificar outros pontos da
licitação questionados por um
dos concorrentes. Segundo
uma empresa especializada em
construir camarotes, o espaço
da Aeronáutica é suficiente para abrigar, com segurança, cerca de 650 pessoas por dia.
Texto Anterior: Estatal: Juíza determina afastamento dos "terceirizados" de Furnas Próximo Texto: Outro lado: Processo de licitação é legal, diz Aeronáutica Índice
|