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ELEIÇÕES-2002
Para senador, líder petista, que fará "caravana" por fábricas, está em campanha, ao contrário do que teria dito
Suplicy reage a ação de Lula e pede debate
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Eduardo Suplicy, um
dos pré-candidatos do PT à Presidência da República, declarou ontem que vai insistir com a direção
do partido e com seu adversário
interno na prévia marcada para 17
de março, Luiz Inácio Lula da Silva, na realização de debates.
Duas semanas após uma manobra da cúpula do partido, que decidiu não marcar debates entre
Lula e Suplicy, o senador, que não
vinha se pronunciando a respeito
do assunto, voltou à carga.
Ele afirmou que Lula, ao contrário do que dera a entender, passou
a fazer campanha ativamente para a consulta interna e que isso
motivaria a realização de pelo menos um debate público entre os
dois. A cúpula petista e Lula são
contra a realização de debates,
por temerem um processo de desgaste interno do partido.
"Quando foi inscrito na prévia,
Lula disse que não moveria uma
agulha de palheiro para ser o escolhido. Mas percebo que ele está
movendo o palheiro inteiro", afirmou o senador paulista.
De acordo com Suplicy, "nas
atuais circunstâncias, nada mais
correto que haja ao menos um debate público entre nós dois, em
nome da equidade".
Suplicy refere-se ao fato de Lula
ter decidido nesta semana fazer
uma "caravana" por dez fábricas
do senador mineiro José Alencar
(PL), que é cotado para ser seu
candidato a vice-presidente.
Além disso, Lula deve participar
de alguns programas regionais do
partido na televisão, em que falará
sobre os assassinatos dos prefeitos petistas de Campinas, Antonio da Costa Santos, e Santo André, Celso Daniel.
"Acho legítimo que Lula, como
presidente de honra do partido,
fale nos programas de TV e viaje
com o senador José Alencar.
Igualmente legítimo seria que
dialogasse comigo. Vou procurar
os líderes do partido depois do
Carnaval", afirmou o senador.
Discurso moderado
A decisão da Executiva Nacional
da legenda, inteiramente pró-Lula, de não marcar os debates, quebrou uma tradição existente em
prévias do partido.
Apesar disso, Suplicy vem evitando ataques mais diretos à cúpula partidária. Tanto que a prévia presidencial preocupa hoje
menos os líderes da legenda do
que a disputa, para ser o candidato ao governo do Rio Grande do
Sul, entre o atual governador gaúcho, Olívio Dutra, e o prefeito de
Porto Alegre, Tarso Genro.
Na legenda, há quem interprete
a atitude do senador como uma
sinalização de que Suplicy busca
na verdade a vaga de vice na chapa de Lula, no caso de o PT não
conseguir atrair o PL para uma
coligação. Ele insiste em que permanece interessado na candidatura a presidente da República.
"Antes de decidirmos quem vai
ser o candidato a vice-presidente,
é preciso que haja a definição sobre o nome para disputar a Presidência", declara Suplicy.
O senador corre contra o tempo
para conseguir viabilizar sua candidatura. Na sexta-feira, Suplicy
vai ao Acre para uma palestra e na
próxima segunda-feira, já de volta
a São Paulo, ele lança seu livro
"Renda de Cidadania, a Saída é
pela Porta", que tem funcionado
como uma espécie de "programa
de governo informal".
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