São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Para senador, líder petista, que fará "caravana" por fábricas, está em campanha, ao contrário do que teria dito

Suplicy reage a ação de Lula e pede debate

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Eduardo Suplicy, um dos pré-candidatos do PT à Presidência da República, declarou ontem que vai insistir com a direção do partido e com seu adversário interno na prévia marcada para 17 de março, Luiz Inácio Lula da Silva, na realização de debates.
Duas semanas após uma manobra da cúpula do partido, que decidiu não marcar debates entre Lula e Suplicy, o senador, que não vinha se pronunciando a respeito do assunto, voltou à carga.
Ele afirmou que Lula, ao contrário do que dera a entender, passou a fazer campanha ativamente para a consulta interna e que isso motivaria a realização de pelo menos um debate público entre os dois. A cúpula petista e Lula são contra a realização de debates, por temerem um processo de desgaste interno do partido.
"Quando foi inscrito na prévia, Lula disse que não moveria uma agulha de palheiro para ser o escolhido. Mas percebo que ele está movendo o palheiro inteiro", afirmou o senador paulista.
De acordo com Suplicy, "nas atuais circunstâncias, nada mais correto que haja ao menos um debate público entre nós dois, em nome da equidade".
Suplicy refere-se ao fato de Lula ter decidido nesta semana fazer uma "caravana" por dez fábricas do senador mineiro José Alencar (PL), que é cotado para ser seu candidato a vice-presidente. Além disso, Lula deve participar de alguns programas regionais do partido na televisão, em que falará sobre os assassinatos dos prefeitos petistas de Campinas, Antonio da Costa Santos, e Santo André, Celso Daniel.
"Acho legítimo que Lula, como presidente de honra do partido, fale nos programas de TV e viaje com o senador José Alencar. Igualmente legítimo seria que dialogasse comigo. Vou procurar os líderes do partido depois do Carnaval", afirmou o senador.

Discurso moderado
A decisão da Executiva Nacional da legenda, inteiramente pró-Lula, de não marcar os debates, quebrou uma tradição existente em prévias do partido.
Apesar disso, Suplicy vem evitando ataques mais diretos à cúpula partidária. Tanto que a prévia presidencial preocupa hoje menos os líderes da legenda do que a disputa, para ser o candidato ao governo do Rio Grande do Sul, entre o atual governador gaúcho, Olívio Dutra, e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
Na legenda, há quem interprete a atitude do senador como uma sinalização de que Suplicy busca na verdade a vaga de vice na chapa de Lula, no caso de o PT não conseguir atrair o PL para uma coligação. Ele insiste em que permanece interessado na candidatura a presidente da República.
"Antes de decidirmos quem vai ser o candidato a vice-presidente, é preciso que haja a definição sobre o nome para disputar a Presidência", declara Suplicy.
O senador corre contra o tempo para conseguir viabilizar sua candidatura. Na sexta-feira, Suplicy vai ao Acre para uma palestra e na próxima segunda-feira, já de volta a São Paulo, ele lança seu livro "Renda de Cidadania, a Saída é pela Porta", que tem funcionado como uma espécie de "programa de governo informal".



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