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ELEIÇÕES-2002
Ex-premiê Pierre Mauroy diz que, apesar de simpatia por Lula, socialistas não decidiram ainda quem apoiar
PS francês diz não ter candidato no Brasil
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O ex-primeiro-ministro da
França e atual presidente da Comunidade de Lille (equivalente a
prefeito), Pierre Mauroy, considera "normal" que Lula tenha obtido a simpatia dos socialistas franceses, mas afirmou que o Partido
Socialista (PS) ainda não decidiu
qual dos pré-candidatos brasileiros à Presidência irá apoiar.
"Lula esteve no Fórum Social
Mundial, em Porto Alegre, onde
havia muitos socialistas franceses,
que naturalmente simpatizaram
com ele. Mas estou certo de que o
PS não decidiu sustentar um ou
outro candidato. São coisas que
terão lugar mais tarde", disse
Mauroy, depois de reunião com o
governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho, do PSB, em
Lille (norte da França).
O encontro teve como objetivo
acertar acordos de cooperação na
área de transporte público. Garotinho foi também buscar o apoio
dos socialistas à sua pré-candidatura e reivindicar a entrada do
PSB na Internacional Socialista
(IS), que reúne partidos de todo o
mundo com esta inclinação política. Mauroy foi presidente da IS
entre 92 e 99 e é um membro histórico do Partido Socialista francês, no qual está alinhado mais à
esquerda. O único partido brasileiro pertencente à IS é o PDT, de
Leonel Brizola.
Mauroy insinuou que ainda é
cedo para Garotinho reivindicar
apoio. "Lula obteve a simpatia
dos socialistas em Porto Alegre
por ter dito: "Eu sou o melhor". Eu,
então, sugeri ao governador [Garotinho" que volte a Paris, em outubro, para nos dizer que ele é
também o melhor", afirmou.
Durante o Fórum Social Mundial, políticos franceses manifestaram um acentuado interesse pela candidatura de Lula. O petista
teria sido convidado a participar
do último comício do primeiro-ministro Lionel Jospin, do PS, que
deve ser candidato às eleições presidenciais francesas, em abril.
Garotinho afirmou que Mauroy
lhe garantiu que o PS francês não
vai interferir a favor de nenhuma
candidatura. "Perguntei a ele sobre a adesão a Lula. Ele acha que
houve má interpretação sobre a
posição do seu partido", declarou
o governador. Para ele, o apoio
dos socialistas franceses a uma
candidatura brasileira de esquerda é importante para "neutralizar
possíveis reações de alguns setores da sociedade".
Mauroy disse que os socialistas
brasileiros reclamam o apoio da
IS, "mas não muito". "Há seis ou
sete anos, queria que Lula entrasse na Internacional Socialista, ele
estava de acordo, mas a linha moderada de seu partido não quis."
Ele afirmou que três partidos
brasileiros "têm a simpatia da Internacional Socialista": o PT, o
PSB e o PSDB.
Acordos
Garotinho firmou ontem com
Mauroy um acordo para transferência de tecnologia de Lille para
o Rio, que vai ampliar a equipe
técnica do projeto de integração
de trem, metrô e ônibus. Ontem,
ainda, o governador encontrou-se com o diretor-geral da Unesco,
Koichiro Matsura. Hoje, encontrará empresários franceses e,
amanhã, embarca para Portugal.
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