São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Ex-premiê Pierre Mauroy diz que, apesar de simpatia por Lula, socialistas não decidiram ainda quem apoiar

PS francês diz não ter candidato no Brasil

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

O ex-primeiro-ministro da França e atual presidente da Comunidade de Lille (equivalente a prefeito), Pierre Mauroy, considera "normal" que Lula tenha obtido a simpatia dos socialistas franceses, mas afirmou que o Partido Socialista (PS) ainda não decidiu qual dos pré-candidatos brasileiros à Presidência irá apoiar.
"Lula esteve no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, onde havia muitos socialistas franceses, que naturalmente simpatizaram com ele. Mas estou certo de que o PS não decidiu sustentar um ou outro candidato. São coisas que terão lugar mais tarde", disse Mauroy, depois de reunião com o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PSB, em Lille (norte da França).
O encontro teve como objetivo acertar acordos de cooperação na área de transporte público. Garotinho foi também buscar o apoio dos socialistas à sua pré-candidatura e reivindicar a entrada do PSB na Internacional Socialista (IS), que reúne partidos de todo o mundo com esta inclinação política. Mauroy foi presidente da IS entre 92 e 99 e é um membro histórico do Partido Socialista francês, no qual está alinhado mais à esquerda. O único partido brasileiro pertencente à IS é o PDT, de Leonel Brizola.
Mauroy insinuou que ainda é cedo para Garotinho reivindicar apoio. "Lula obteve a simpatia dos socialistas em Porto Alegre por ter dito: "Eu sou o melhor". Eu, então, sugeri ao governador [Garotinho" que volte a Paris, em outubro, para nos dizer que ele é também o melhor", afirmou.
Durante o Fórum Social Mundial, políticos franceses manifestaram um acentuado interesse pela candidatura de Lula. O petista teria sido convidado a participar do último comício do primeiro-ministro Lionel Jospin, do PS, que deve ser candidato às eleições presidenciais francesas, em abril.
Garotinho afirmou que Mauroy lhe garantiu que o PS francês não vai interferir a favor de nenhuma candidatura. "Perguntei a ele sobre a adesão a Lula. Ele acha que houve má interpretação sobre a posição do seu partido", declarou o governador. Para ele, o apoio dos socialistas franceses a uma candidatura brasileira de esquerda é importante para "neutralizar possíveis reações de alguns setores da sociedade".
Mauroy disse que os socialistas brasileiros reclamam o apoio da IS, "mas não muito". "Há seis ou sete anos, queria que Lula entrasse na Internacional Socialista, ele estava de acordo, mas a linha moderada de seu partido não quis."
Ele afirmou que três partidos brasileiros "têm a simpatia da Internacional Socialista": o PT, o PSB e o PSDB.

Acordos
Garotinho firmou ontem com Mauroy um acordo para transferência de tecnologia de Lille para o Rio, que vai ampliar a equipe técnica do projeto de integração de trem, metrô e ônibus. Ontem, ainda, o governador encontrou-se com o diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsura. Hoje, encontrará empresários franceses e, amanhã, embarca para Portugal.



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