São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

No sambódromo, prefeito do Rio, pefelista, diz que seu "coração bate" pela petista, pré-candidata a governadora

Maia, rival de Garotinho, elogia Benedita

Caio Guatelli/Folha imagem
A governadora interina do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), e o prefeito Cesar Maia (PFL), no desfile das escolas de samba


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

"Meu coração bate pela Benedita. Se ela se eleger, não me sinto derrotado." A frase, dita pelo prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), em pleno sambódromo, visa atingir o governador do Estado, Anthony Garotinho, pré-candidato do PSB à Presidência de República, que está na Europa.
Maia não poupou elogios à vice-governadora e governadora interina, Benedita da Silva, do PT, que o visitou no camarote da prefeitura, na madrugada de ontem. Os dois se encontraram pouco antes da escola de samba Grande Rio entrar na avenida homenageando o Maranhão, Estado da pré-candidata do PFL à Presidência, Roseana Sarney.
Maia retribuiu o apoio que recebeu de Benedita no segundo turno da eleição municipal e disse que a posição dela foi importante para sua eleição. Afirmou que a petista, em contraposição a Garotinho, representa ""um setor político orgânico, e não um populismo de ocasião".
Referindo-se ao Partido dos Trabalhadores, o prefeito disse que vê Benedita como representante de uma corrente que veio para ficar: "Se não está governando o Rio hoje, deve governar a amanhã. Se não governa o país hoje, governará amanhã".

Garotinho e Chávez
Já Garotinho -que se prepara para anunciar a pré-candidatura de sua mulher, Rosinha Matheus, ao governo, na volta da Europa- foi comparado por Maia ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. "Chávez se achava o dono do mundo e se dissolveu. Acho que vai acontecer o mesmo com o governador", afirmou.
Maia disse que trabalhará para os candidatos do PFL à Presidência, Roseana, e ao governo fluminense, o secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Paes, mas que Benedita não terá dificuldades de visitar obras do Estado e que poderá participar das visitas, se ela julgar necessário.
"Uma coisa é nosso coração, nossa emoção, nosso reconhecimento", disse, para justificar sua disposição de facilitar o caminho da petista na eleição estadual.
Há 33 anos afastada dos carnavais, por ter se tornado evangélica, Benedita chegou ao camarote da prefeitura vestida de branco e acompanhada do marido, o ator Antônio Pitanga. Pouco antes de ir ao encontro de Maia, a vice-governadora afirmou que usa o vestido há oito anos, em ocasiões especiais, como teste de manutenção do peso. Questionada sobre seu peso atual, disfarçou, entre risos, dizendo que o vestido é feito com renda elástica.

Beijos
Cesar Maia acompanhou a evolução das escolas de samba imitando passos de samba e com chamegos nos passistas. Beijou as mãos de velhas baianas e foi beijado até por barbados. Entre uma escola e outra, cumprimentou os empregados da Comlurb, responsáveis pela faxina da Sapucaí.
Ele disse que se espelha nos prefeitos europeus, ao buscar incorporar o espírito carnavalesco. ""Procuro me integrar ao espírito do carioca e viver com ele sua festa mais importante", disse Maia, que chegou a empurrar um carro alegórico da primeira escola a desfilar, a São Clemente.
O prefeito disse que seu comportamento não tem efeito político: ""99% dos que desfilam interagem com o prefeito, mas só um terço vota em mim. Os outros dois terços votam na Benedita", afirmou, novamente inflando a candidatura dela. A vice-governadora retribuiu com sorrisos os elogios do pefelista.



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