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AGENDA PETISTA
Em reunião com prefeitos, presidente defende sua política econômica
Sem mudança lenta, país pode afundar como Titanic, diz Lula
EVANDRO SPINELLI
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após ter anunciado um
corte de R$ 14,1 bilhões no Orçamento, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva defendeu ontem sua
política econômica, dando a entender que, caso procedesse de
maneira diversa, poderia levar o
Brasil a "afundar como o Titanic".
A metáfora foi utilizada em discurso fechado de cerca de 25 minutos de duração a aproximadamente cem prefeitos petistas reunidos em um hotel em Brasília.
A exemplo do que fez na semana passada, quando se encontrou
com presidentes de diretórios estaduais petistas, o presidente apareceu de surpresa no encontro.
Ao fazer a defesa de uma mudança de rumo lenta e segura na
política econômica, Lula fez a
comparação com o navio. "O Brasil não é um Fusquinha, que pode
dar um cavalo-de-pau, é um transatlântico. Se a virada não for feita
aos poucos, pode afundar. E nós
não temos vocação para Titanic",
disse o presidente, segundo relato
de participantes da reunião.
Não é a primeira vez que Lula cita o transatlântico britânico, que
afundou na sua viagem inaugural,
em 1912, no Atlântico norte. Na
campanha eleitoral de 2002, em
evento na sede da OAB, em São
Paulo, ele comparou o então presidente Fernando Henrique Cardoso ao capitão do navio, dizendo
que nada fazia quanto ao "iceberg
que se aproxima" -em referência à turbulência no mercado financeiro da época.
Em seu discurso, Lula pediu paciência a seus companheiros de
partido. Afirmou que as medidas
econômicas são "necessárias" e
que o corte será compensado com
a racionalização das despesas do
governo. "Na mão de petistas, R$
1 vale R$ 2", disse Lula.
Ele disse ainda compreender o
fato de todos estarem ansiosos
com relação a seu governo, mas,
novamente com metáforas, defendeu o gradualismo, dizendo
que governar é como correr uma
maratona, em que não se pode
gastar todo o fôlego no início da
prova. Lula também falou da necessidade de o Brasil ter maior
presença no cenário internacional. Defendeu a aproximação
com países africanos e asiáticos.
Lula foi precedido nos discursos
pelo ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, e pelo presidente do
PT, José Genoino. Dirceu deu
uma explicação mais demorada
sobre a necessidade dos cortes.
Frisou que a necessidade da economia é responsabilidade, na
maior parte, de um erro de cálculo do governo anterior.
Em referência à dissidência interna promovidas por integrantes
das alas radicais do PT, mostrou
condescendência. "Quem está no
Parlamento critica mesmo, mas é
importante que as questões sejam
bem discutidas pelo partido."
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