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São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

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AGENDA PETISTA

Em reunião com prefeitos, presidente defende sua política econômica

Sem mudança lenta, país pode afundar como Titanic, diz Lula

EVANDRO SPINELLI
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após ter anunciado um corte de R$ 14,1 bilhões no Orçamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem sua política econômica, dando a entender que, caso procedesse de maneira diversa, poderia levar o Brasil a "afundar como o Titanic".
A metáfora foi utilizada em discurso fechado de cerca de 25 minutos de duração a aproximadamente cem prefeitos petistas reunidos em um hotel em Brasília.
A exemplo do que fez na semana passada, quando se encontrou com presidentes de diretórios estaduais petistas, o presidente apareceu de surpresa no encontro.
Ao fazer a defesa de uma mudança de rumo lenta e segura na política econômica, Lula fez a comparação com o navio. "O Brasil não é um Fusquinha, que pode dar um cavalo-de-pau, é um transatlântico. Se a virada não for feita aos poucos, pode afundar. E nós não temos vocação para Titanic", disse o presidente, segundo relato de participantes da reunião.
Não é a primeira vez que Lula cita o transatlântico britânico, que afundou na sua viagem inaugural, em 1912, no Atlântico norte. Na campanha eleitoral de 2002, em evento na sede da OAB, em São Paulo, ele comparou o então presidente Fernando Henrique Cardoso ao capitão do navio, dizendo que nada fazia quanto ao "iceberg que se aproxima" -em referência à turbulência no mercado financeiro da época.
Em seu discurso, Lula pediu paciência a seus companheiros de partido. Afirmou que as medidas econômicas são "necessárias" e que o corte será compensado com a racionalização das despesas do governo. "Na mão de petistas, R$ 1 vale R$ 2", disse Lula.
Ele disse ainda compreender o fato de todos estarem ansiosos com relação a seu governo, mas, novamente com metáforas, defendeu o gradualismo, dizendo que governar é como correr uma maratona, em que não se pode gastar todo o fôlego no início da prova. Lula também falou da necessidade de o Brasil ter maior presença no cenário internacional. Defendeu a aproximação com países africanos e asiáticos.
Lula foi precedido nos discursos pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e pelo presidente do PT, José Genoino. Dirceu deu uma explicação mais demorada sobre a necessidade dos cortes. Frisou que a necessidade da economia é responsabilidade, na maior parte, de um erro de cálculo do governo anterior.
Em referência à dissidência interna promovidas por integrantes das alas radicais do PT, mostrou condescendência. "Quem está no Parlamento critica mesmo, mas é importante que as questões sejam bem discutidas pelo partido."


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