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Prisão foi negociada durante toda a noite
LUCAS FERRAZ
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A inédita prisão de José Roberto Arruda (sem partido) foi negociada durante toda a tarde de ontem entre assessores pessoais
do governador e a cúpula da Polícia Federal. Assim que saiu a
decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Arruda pediu
a seu secretário de Segurança
Pública, Valmir Lemos, um policial federal licenciado, que intermediasse com a PF a sua
chegada ao órgão.
Lemos contatou então o diretor-geral da Polícia Federal,
Luiz Fernando Corrêa, que designou a Diretoria Técnico-Científica do INC (Instituto
Nacional de Criminalística) como local indicado. Corrêa também ofereceu como local para
Arruda se apresentar a sede da
PF -ele recusou.
Se Arruda não se entregasse
espontaneamente, a PF iria
prendê-lo na residência oficial.
No começo da tarde, quando
foi divulgada a prisão preventiva de Arruda expedida pelo ministro Fernando Gonçalves, e
antes de o STJ referendá-la,
equipes da PF já estavam monitorando o governador.
Arruda se entregou pouco
antes das 18h. Ele chegou à Superintendência da PF no Distrito Federal num comboio formado por pelo menos seis carros, acompanhado de advogados, assessores, da mulher, Flávia, de secretários e policiais.
Arruda foi encaminhado para o gabinete da diretoria, local
designado por ser compatível
com a chamada "sala de Estado-Maior", área reservada (em
quartéis ou forças policiais) a
autoridades em caso de prisão.
Corrêa o acompanhava.
Segundo o assessor de imprensa do governador, André
Duda, ele recebeu a prisão com
"serenidade". Um diretor da PF
afirmou à Folha que ele estava
sério, mas tranquilo.
A situação de Arruda se agravou na semana passada, quando ele foi acusado de tentar subornar uma testemunha do inquérito da Caixa de Pandora.
Só depois dessa denúncia foi
que o governador decidiu contratar um advogado criminalista, Nélio Machado, justamente
pelo temor de ser preso.
Do lado de fora da superintendência, dezenas de carros
buzinavam, comemorando a
prisão de Arruda. Estudantes
também estavam no prédio,
gritando "Arruda ladrão!". Um
grupo de apoiadores do governador pedia sua permanência.
A polícia reforçou a segurança.
No início da noite, a Polícia
Federal recebeu os mandados
de prisão do governador e dos
outros quatro envolvidos no
suborno. Segundo a PF, os advogados dos demais informaram que eles também iriam se
apresentar espontaneamente.
Até a conclusão desta edição,
só Arruda e seu sobrinho, Rodrigo Arantes, tinham se apresentado à PF.
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