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CAMPO MINADO
Ruralistas articulam reação e admitem contratar seguranças armados
Incra é "braço político" do
MST no governo, diz UDR
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Entidades rurais, em nível nacional, estão se organizando para
um enfrentamento com o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
Na próxima semana, encontro
em Cuiabá (MT) deverá definir
uma ação conjunta de diversos
segmentos rurais contra a nova
direção do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), considerada conivente
com os sem-terra.
O presidente da UDR (União
Democrática Ruralista) do noroeste do Paraná, Marcos Prochet, disse que o Incra é hoje um "braço político do MST dentro do
governo Lula". Prochet afirmou
acreditar em um "recrudescimento" nos conflitos agrários e evocou os proprietários rurais a
"contratarem seguranças dentro
dos limites da lei para defender
suas propriedades".
Prochet disse temer confrontos
no noroeste do Paraná, onde existem seis acampamentos do MST.
A região é próxima ao Pontal do
Paranapanema (SP) e existe um
trabalho de aproximação do MST
com movimentos menores, como
o MAST (Movimento dos Assentados e Agricultores Sem Terra) e
o Terra Brasil - grupos dissidente do MST- para ações conjuntas nos dois Estados.
O presidente nacional da UDR,
Luiz Antônio Nabhan Garcia, um
dos organizadores do encontro
em Cuiabá, disse que a postura do
Ministério de Desenvolvimento
Agrário e do Incra explicita a "conivência com os sem-terra, ao admitir que se pode invadir fazendas produtivas".
Garcia disse que o presidente
Lula foi "imprudente" ao nomear
Miguel Rossetto para o ministério, "pois é um órgão que tem a
obrigação de conduzir a reforma
agrária e precisa de gente imparcial, não aliada aos sem-terra".
PCR
O aumento da tensão no campo
nas últimas semanas mobilizou
um grupo de produtores rurais da
região central do Paraná. Cerca de
50 fazendeiros criaram o PCR
(Primeiro Comando Rural), em
reunião em Palmital (386 km ao
norte de Curitiba), no último sábado. O grupo, que teve seu nome
inspirado no PCC (Primeiro Comando da Capital), organização
criminosa de São Paulo, promete
combater com armas os sem-terra acampados na região.
Um porta-voz do grupo, que se
identificou como Lauro, disse ontem que o PCR teria apoio de políticos, sindicatos rurais da região e
iria buscar apoio da Faep (Federação da Agricultura do Estado do
Paraná) para suas ações.
Em nota distribuída ontem, o
presidente da Faep, Ágide Meneguette, disse que "a pressão intolerável do MST está provocando
uma contrapartida de parte de alguns fazendeiros, com a contratação de milícias armadas para defender suas propriedades". Meneguette lamenta que essa contratação de milícias "só serve para
agravar os conflitos".
O presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais), Narciso Rocha Clara, um
dos mais radicais críticos do governo Lula, disse ontem que toda
essa tensão já era "prevista depois
da eleição de Lula e confirmada
com a indicação do MST para
ocupar cargos relacionados à
questão agrária". Ele prevê conflitos "maiores que o de Eldorado
do Carajás" para breve.
Representantes de organizações
ligadas aos sem-terra em Minas
Gerais reuniram-se ontem com
autoridades envolvidas com a
questão agrária para denunciar a
formação de milícias armadas no
Pontal do Triângulo Mineiro.
Dim Cabral, do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), que atua no Triângulo, disse
que produtores rurais estão por
trás da ação da milícia. Disse serem homens armados e encapuzados que destroem as barracas e
expulsam os sem-terra dos acampamentos.
Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha em Belo Horizonte
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