|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CONCLUSÕES
Intenção de PT é aprovar substitutivo caso conclusão da CPI fale em "mensalão" e cite Lula; Serraglio deve ter o apoio do PMDB
Oposição domina votação de relatório
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No momento crucial da CPI dos
Correios, a votação do relatório final, o governo não contará com a
maioria, mesmo apertada, que teve nesses dez meses de trabalho. A
oposição pode ter até 18 votos,
contra 13 da base aliada, caso o PT
insista na idéia de apresentar um
substitutivo ao texto do relator.
No pior cenário para a oposição, a vantagem é de 16 a 15. Isso
porque há parlamentares da base
aliada insatisfeitos com o tratamento dispensado pelo PT e pelo
Palácio do Planalto. Além disso o
relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) deve receber o apoio de integrantes de seu partido.
Durante o funcionamento da
CPI dos Correios, os aliados derrubaram requerimentos de quebra de sigilo e de convocação considerados incômodos. Ela se contrapunha à CPI dos Bingos, que
chegou a ser apelidada de "CPI do
fim do mundo" devido à hegemonia da oposição, que ampliou as
investigações para temas embaraçosos para o PT.
Governistas que integram a CPI
dos Correios atribuem a mudança
de cenário à falta de articulação
política do Planalto, que estaria
mais preocupado com as eleições
de outubro. O governo ainda pode atuar para reverter esse quadro, substituindo membros da
comissão, liberando emendas
parlamentares ao Orçamento da
União ou fazendo indicações para
cargos públicos, por exemplo.
A cúpula da CPI ainda acredita,
no entanto, na possibilidade de
um acordo em torno do relatório
final. Os moderados não vêem
problema em atender alguns pleitos do PT, como o de não utilizar
no texto o termo "mensalão".
Petistas querem que a suposta
compra de apoio parlamentar pelo governo seja chamada de "pagamentos periódicos ilícitos a deputados, que teriam recebido dinheiro para mudar de partido ou
para quitar compromissos eleitorais". Alguns teriam ocorrido perto de votações.
Integrantes do PT querem suavizar o documento e os moderados afirmam que o texto não precisa ser "midiático", mas o relator
e a maioria da oposição está irredutível. "Essa expressão já foi cunhada, está identificada, e não há
como não utilizá-la", disse Serraglio, que pretende mostrar no relatório que o "mensalão" existiu.
Alguns pontos são considerados inegociáveis até pelos moderados, como o suposta uso de dinheiro público no esquema montado pelo então tesoureiro do PT
Delúbio Soares e pelo publicitário
Marcos Valério de Souza. Os petistas não querem que isso esteja
caracterizado no relatório, dizendo que há indícios, e não provas.
"Vou fazer a demonstração que
tem dinheiro da Visanet, e esse dinheiro pertencia ao Banco do
Brasil", disse o relator. "São coisas
óbvias e evidentes. Dessa forma
eles não querem que tenha relatório, querem embaralhar as coisas", disse o relator-adjunto
Eduardo Paes (PSDB-RJ).
Outro ponto polêmico é a intenção do relator de escrever que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ)
da existência do "mensalão".
Um dos integrantes da base que
deve votar com a oposição,
apoiando o relatório de Serraglio,
é o vice-presidente da CPI, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Peemedebistas afirmaram
que o deputado Jader Barbalho,
seu correligionário, está tentando
fazê-lo mudar de idéia, mas não
teria conseguido até o momento.
Texto Anterior: Janio de Freitas: As duas visões Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Governo analisa elevar valor do Bolsa-Família Índice
|