|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente do PT agora diz que é
Serra quem assusta empresários
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao analisar aspectos positivos e
negativos para o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva enfrentar um
dos dois pré-candidatos tucanos
na eleição deste ano, o presidente
do PT, Ricardo Berzoini, levanta
como ponto desfavorável a José
Serra o fato de o prefeito de São
Paulo ser considerado por certos
segmentos do empresariado como controverso e heterodoxo.
Em outras palavras, o PT pode
explorar uma imagem de "confiabilidade" de sua política econômica ortodoxa contra a "heterodoxia" de Serra -uma alternância curiosa de papéis para um partido que era visto como o demônio pelo mercado faz alguns anos:
"O Serra é visto por setores do
empresariado como uma pessoa
que poderia partir para uma visão
mais heterodoxa da economia, o
que causa insegurança em alguns
segmentos empresariais", disse.
Contra Geraldo Alckmin, Berzoini destaca o fato de o governador de São Paulo ser pouco conhecido fora do Estado. Ele avalia
que a militância do PT já superou
o impacto do escândalo do "mensalão" e que a reeleição do presidente Lula é legítima porque o governo mostrou bons resultados.
Folha - Como o PT entrará na
campanha presidencial?
Ricardo Berzoini - Entra com a
consciência de que será uma campanha muito dura. Temos confiança nos nossos argumentos,
mas sabemos que a oposição vai
tender a baixar o nível o máximo
possível. Até porque, do ponto de
vista da avaliação do governo em
comparação com a gestão de Fernando Henrique Cardoso, eles
têm muito pouco o que falar.
Folha - Como a oposição poderia
baixar o nível do debate?
Berzoini - Já está pautado, tanto
é que eles tentam criar um ambiente para tentar caracterizar o
PT e o governo como corruptos e
usando bordões como "maior escândalo da história". O que temos
de fazer é não fugir desse tema,
mas dimensioná-lo na medida
correta dos fatos. Primeiro, não
houve "mensalão". A tese do Roberto Jefferson não só não foi
comprovada como foi desmentida. Segundo, mostrar que o nível
de corrupção neste governo é não
apenas muito menor do que no
governo anterior mas também
que nunca houve tanto combate à
corrupção como neste governo. A
CGU [Controladoria Geral da
União] foi fortalecida, o Ministério Público teve dois procuradores absolutamente independentes
[para investigar o "mensalão], a
Polícia Federal nunca realizou
tantas investigações de largo alcance. Sem falar que o país viveu
três CPIs simultâneas.
Folha - Como a militância vê o PT
após "mensalão"?
Berzoini - A militância teve um
momento de muita angústia, desinformação e perplexidade
quando surgiram as primeiras
notícias. Quando se conseguiu segregar o que era denúncia vazia, o
que era disputa política daquilo
que efetivamente ocorreu, a militância começou a perceber que tinha de se mobilizar para enfrentar a luta política. Hoje sinto que a
militância está até mais mobilizada do que em 2002. O PT pode comemorar que encerrou 2005 com
mais filiados do que começou.
Folha - O PT prefere enfrentar
Alckmin ou Serra?
Berzoini - Ambos têm vantagens
e desvantagens para eles e para
nós. O Serra é um político mais
conhecido nacionalmente, mas
enfrenta um problema que é desonrar a palavra que ele deu,
quando disputou as eleições municipais, de que ficaria os quatro
anos na prefeitura. É um político
controverso, talvez mais polêmico do que o Alckmin, mas ao mesmo tempo é uma pessoa experiente na política, um adversário
que nós vamos tratar com todos
os cuidados possíveis.
O Alckmin tem a vantagem de
não precisar desdizer nada do que
disse, está em final de governo,
mas é menos conhecido e é uma
figura muito paulista, muita centrada no Estado de São Paulo. Enfrentará, se candidato a presidente, um debate sobre o que fez no
Estado de São Paulo. Os pontos
fracos são saúde, segurança pública, educação e a perda de participação do Estado de São Paulo na
economia brasileira.
Folha - Por que Serra é mais controverso e polêmico Alckmin?
Berzoini - O Serra é visto por setores do empresariado como uma
pessoa que poderia partir para
uma visão mais heterodoxa da
economia, o que causa insegurança em alguns segmentos empresariais. Outros segmentos vêem nele alguém com visão de maior investimento. Mas é mais polêmico.
O Alckmin é uma figura, até por
ser menos conhecido, que desperta menos antagonismos.
Folha - Lula vai ser reeleito?
Berzoini - Acho que nós temos
toda a condição de reeleger o presidente Lula. Em todas as áreas de
governo temos bons resultados
para mostrar. Na área de emprego
é um crescimento sem precedentes. Tivemos também política de
recuperação de salário mínimo e
ampliação do Bolsa-Família.
Texto Anterior: Alô, Rio de Janeiro: PV quer candidatura de Gil no Rio Próximo Texto: Frase Índice
|