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Codefat ajudou entidade filiada à Força
Órgão do MTE fez "ajustes" em convênio com entidade ligada à Força Sindical que gastaria 97% mais que Estado de SP na mesma função
Acertos finais em projeto com a CNTM seriam feitos em um domingo na casa do presidente do Codefat com direito a churrasco e chopp
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Codefat
(Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador), Luiz Fernando Emediato,
ajudou a CNTM, entidade filiada à Força Sindical, a montar
proposta "inflada" para captar
R$ 13,5 milhões para treinamento e recolocação de mão-de-obra em São Paulo.
Emediato, que há mais de
uma década é ligado a Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT-SP, fez
pessoalmente "acertos" e
"ajustes" na proposta.
O Codefat é um órgão ligado
ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), comandado
pelo pedetista Carlos Lupi, que
também presidia o partido até a
semana passada.
Se aprovado o convênio, parte do trabalho da CNTM será
feito no mesmo endereço da
Força Sindical em São Paulo.
Emediato nega qualquer irregularidade e afirma que é
"normal" o trabalho conjunto
com entidades (leia abaixo).
Juan Sanchez, coordenador
de Políticas de Emprego e Renda no Estado de São Paulo afirma, porém, que, nos convênios
que já firmou com o MTE, nunca o Codefat ou Emediato tiveram nenhuma influência.
Segundo e-mail obtido pela
Folha, os últimos detalhes da
proposta da CNTM seriam
acertados em encontro na casa
do próprio Emediato na serra
da Cantareira, em São Paulo.
O encontro ocorreria no dia
17 de fevereiro, um domingo,
antes de a proposta da CNTM
ser formalmente apresentada a
comissões da área de emprego
e trabalho do Estado e da Prefeitura de São Paulo.
Piscina e churrasco
Em e-mail a Gildo Bezerra
Rocha, funcionário da CNTM,
presidida por Eleno Bezerra,
Emediato escreve:
"Caso tenhamos que trabalhar no domingo, ofereço as
instalações de minha casa da
Cantareira. Tem computador,
internet e impressora. Se der
sol, tem piscina, chope e churrasco, que ninguém é de ferro".
Todos os principais números
relativos ao convênio, como total de inscritos, vagas e trabalhadores colocados, constam
em e-mail e tabela enviado por
Gleide Costa, coordenador do
Sistema Nacional de Empregos
do MTE, a Gildo Bezerra.
A proposta "acertada" por
Emediato e MTE implicaria
custo 97% maior ao que o governo do Estado de São Paulo
gasta para fazer o trabalho de
colocação de mão-de-obra.
A discrepância foi revelada
pela Folha no mês passado e
levou a um corte de 31% nos
custos. Com a redução, a economia passa de R$ 2 milhões só
na colocação de pessoal.
Mesmo assim, as comissões
estadual e da Prefeitura de São
Paulo já se posicionaram contra o convênio. A decisão final
cabe agora ao Codefat/MTE.
Convênios como esse da
CNTM estavam suspensos desde 2003 após acórdão do TCU
(Tribunal de Contas da União).
Havia suspeitas de irregularidades envolvendo a própria
Força Sindical.
Eles só foram retomados
após a assinatura da Resolução
560, de 28 de novembro de
2007, do Codefat. Emediato foi
quem assinou a resolução logo
após assumir.
Pouco mais de um mês após
assinar a 560, Emediato enviou
e-mail a Angelita Leme e Gildo
Bezerra, da CNTM, pedindo
para que cuidassem do projeto
"sem mais perda de tempo".
Antes da reunião na Cantareira, Emediato, que fazia os
ajustes, escreve a Gildo
(CNTM) para que a proposta
final seja impressa "em mãos,
pela própria CNTM". E frisa:
"Não errem nisso".
Outros convênios
Outras reportagens da Folha
revelaram em fevereiro que o
MTE aprovou convênios de R$
50 milhões com ao menos 12
entidades ligadas a parentes,
amigos e doadores de campanha de políticos do PDT. Os
convênios só foram possíveis a
partir da Resolução 560.
Pelo menos três das entidades beneficiadas foram avalizadas pela Força Sindical, sendo
que duas funcionam no endereço da central. Várias das entidades concorrentes também se
recomendaram umas às outras.
Reveladas as relações entre
Força, PDT e os convênios com
o MTE de Lupi, Paulinho agora
ameaça processar a Folha.
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