São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO
Governo tenta se aproximar de derrotados na convenção para evitar uma reviravolta na posição do partido
FHC lança ofensiva sobre PMDB rebelde

da Sucursal de Brasília


Apontado como primeira vítima da convenção do PMDB do último domingo, o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, poderá ficar no cargo e selar a aproximação de rebeldes do partido com o governo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende manter Catão até o final do mês e pode estender a sua permanência no cargo até o fim do mandato, segundo negociação deflagrada ontem para evitar qualquer reviravolta do apoio do PMDB à reeleição.
Oficialmente, o PMDB só descartará a possibilidade de lançar candidato próprio ao Planalto na convenção de junho.
A negociação envolvendo Catão tem como alvo a maioria dos 43 votos de convencionais da Paraíba, que votou a favor da candidatura própria. O primeiro passo da nova ofensiva foi o senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), padrinho da indicação de Catão.
Procurado pelo líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), em nome dos governistas, o senador se disse disposto a unir o partido em favor da reeleição.
Ele impôs duas condições: que o partido participe da elaboração do programa de governo de FHC e que a ala vitoriosa da convenção recue da disposição de expulsar o atual presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE).
"Os vencedores têm de ter a grandeza de não querer humilhar quem perdeu. Podemos até conversar sobre o afastamento do Paes, mas não expulsá-lo", disse.
"Vamos pensar numa fórmula", reagiu Geddel, insistindo em que o PMDB deva ser presidido desde já por alguém afinado ao projeto de reeleição de FHC.
Cunha Lima afirmou ontem que o seu cunhado "deve" deixar a secretaria. "Sua permanência seria ruim para mim. Se eu acertasse com o governo, diriam que é por causa do cargo", avaliou.
Anteontem, ao receber o pedido de demissão, FHC pediu que Catão esperasse mais tempo. A pasta controla verbas de projetos de infra-estrutura nos municípios e é disputada pelos partidos governistas. A abertura da vaga poderia complicar ainda mais a reforma ministerial do final do mês.
O governo espera reverter parte dos votos do Maranhão e do Amapá em junho. O senador José Sarney (AP) é considerado um potencial aliado e poderá ser ouvido na composição do ministério. (MARTA SALOMON e LÚCIO VAZ)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.