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SUCESSÃO
Governo tenta se aproximar de derrotados na convenção para evitar uma reviravolta na posição do partido
FHC lança ofensiva sobre PMDB rebelde
da Sucursal de Brasília
Apontado como primeira vítima da convenção do PMDB
do último domingo, o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão,
poderá ficar no cargo e selar a
aproximação de rebeldes do partido com o governo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso pretende manter Catão até o final do mês e pode estender a sua permanência no cargo
até o fim do mandato, segundo
negociação deflagrada ontem para
evitar qualquer reviravolta do
apoio do PMDB à reeleição.
Oficialmente, o PMDB só descartará a possibilidade de lançar
candidato próprio ao Planalto na
convenção de junho.
A negociação envolvendo Catão
tem como alvo a maioria dos 43
votos de convencionais da Paraíba, que votou a favor da candidatura própria. O primeiro passo da
nova ofensiva foi o senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), padrinho da indicação de Catão.
Procurado pelo líder do PMDB
na Câmara, Geddel Vieira Lima
(BA), em nome dos governistas, o
senador se disse disposto a unir o
partido em favor da reeleição.
Ele impôs duas condições: que o
partido participe da elaboração do
programa de governo de FHC e
que a ala vitoriosa da convenção
recue da disposição de expulsar o
atual presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE).
"Os vencedores têm de ter a
grandeza de não querer humilhar
quem perdeu. Podemos até conversar sobre o afastamento do
Paes, mas não expulsá-lo", disse.
"Vamos pensar numa fórmula", reagiu Geddel, insistindo em
que o PMDB deva ser presidido
desde já por alguém afinado ao
projeto de reeleição de FHC.
Cunha Lima afirmou ontem que
o seu cunhado "deve" deixar a secretaria. "Sua permanência seria
ruim para mim. Se eu acertasse
com o governo, diriam que é por
causa do cargo", avaliou.
Anteontem, ao receber o pedido
de demissão, FHC pediu que Catão esperasse mais tempo. A pasta
controla verbas de projetos de infra-estrutura nos municípios e é
disputada pelos partidos governistas. A abertura da vaga poderia
complicar ainda mais a reforma
ministerial do final do mês.
O governo espera reverter parte
dos votos do Maranhão e do Amapá em junho. O senador José Sarney (AP) é considerado um potencial aliado e poderá ser ouvido na
composição do ministério.
(MARTA
SALOMON e LÚCIO VAZ)
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