São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Guias do Pan brigam diante do presidente

Confrontos no Maracanã ocorreram entre jovens moradores de favelas em que o tráfico é dominado por facções rivais

Adolescentes do complexo do Alemão, no Rio, bateram em seus colegas da favela da Rocinha; para Tarso Genro, evento foi de "integração"


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A apresentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 12 mil jovens de favelas que trabalharão no Pan-07 como guias cívicos e brigadistas, realizada ontem no estádio do Maracanã, foi marcada por brigas e ofensas entre rapazes e moças que moram em favelas onde o tráfico de drogas é controlado por facções inimigas.
Pouco antes da fala do presidente, guias que moram no morro da Grota (complexo do Alemão, zona norte) cercaram e agrediram a socos e pontapés quatro rapazes da favela da Rocinha. Um deles teve ferimentos no rosto. O tráfico na Grota é controlado pelo CV (Comando Vermelho); na Rocinha, pela ADA (Amigo dos Amigos).
A briga ocorreu no alto das cadeiras em frente ao palco, sob a marquise das arquibancadas. Devido à sombra, à distância e à presença de muitos jovens em volta, Lula pode não ter visto.
Antes do evento começar, o ambiente já era ruim: uma integrante da equipe organizadora chegou a pedir calma pelo microfone: "Por favor, esqueçam as diferenças, entrem no clima festivo", gritava, minutos antes da chegada ao palco do presidente, do governador Sérgio Cabral (PMDB) e dos ministros Tarso Genro (Justiça), Carlos Lupi (Trabalho), Marta Suplicy (Turismo), Orlando Silva (Esporte) e Franklin Martins (Comunicação Social).
Não foi atendida. Jovens da Rocinha e da favela Nova Holanda (complexo da Maré, zona norte), onde o tráfico é controlado pelo CV, trocaram ofensas durante toda a cerimônia.
Dez integrantes da Força Nacional de Segurança montaram um cordão de isolamento entre as delegações da favela do Quitungo e de Anchieta, que atiravam objetos uns nos outros.
A briga maior ocorreu quando discursava o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. Mais tarde, ele chamou o confronto de "pequeno incidente".
Para Genro, foi um evento "de muita integração" entre as pessoas. "Agora, onde se reúne muita juventude, normalmente há determinados desencontros." No evento, formaram-se 5.400 guias cívicos e 440 brigadistas. Os guias são jovens residentes em 116 favelas do Rio.


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