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Guias do Pan brigam diante do presidente
Confrontos no Maracanã ocorreram entre jovens moradores de favelas em que o tráfico é dominado por facções rivais
Adolescentes do complexo do Alemão, no Rio, bateram em seus colegas da favela da
Rocinha; para Tarso Genro, evento foi de "integração"
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A apresentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
12 mil jovens de favelas que trabalharão no Pan-07 como guias
cívicos e brigadistas, realizada
ontem no estádio do Maracanã,
foi marcada por brigas e ofensas entre rapazes e moças que
moram em favelas onde o tráfico de drogas é controlado por
facções inimigas.
Pouco antes da fala do presidente, guias que moram no
morro da Grota (complexo do
Alemão, zona norte) cercaram
e agrediram a socos e pontapés
quatro rapazes da favela da Rocinha. Um deles teve ferimentos no rosto. O tráfico na Grota
é controlado pelo CV (Comando Vermelho); na Rocinha, pela
ADA (Amigo dos Amigos).
A briga ocorreu no alto das
cadeiras em frente ao palco, sob
a marquise das arquibancadas.
Devido à sombra, à distância e à
presença de muitos jovens em
volta, Lula pode não ter visto.
Antes do evento começar, o
ambiente já era ruim: uma integrante da equipe organizadora
chegou a pedir calma pelo microfone: "Por favor, esqueçam
as diferenças, entrem no clima
festivo", gritava, minutos antes
da chegada ao palco do presidente, do governador Sérgio
Cabral (PMDB) e dos ministros
Tarso Genro (Justiça), Carlos
Lupi (Trabalho), Marta Suplicy
(Turismo), Orlando Silva (Esporte) e Franklin Martins (Comunicação Social).
Não foi atendida. Jovens da
Rocinha e da favela Nova Holanda (complexo da Maré, zona
norte), onde o tráfico é controlado pelo CV, trocaram ofensas
durante toda a cerimônia.
Dez integrantes da Força Nacional de Segurança montaram
um cordão de isolamento entre
as delegações da favela do Quitungo e de Anchieta, que atiravam objetos uns nos outros.
A briga maior ocorreu quando discursava o secretário nacional de Segurança Pública,
Luiz Fernando Corrêa. Mais
tarde, ele chamou o confronto
de "pequeno incidente".
Para Genro, foi um evento
"de muita integração" entre as
pessoas. "Agora, onde se reúne
muita juventude, normalmente há determinados desencontros." No evento, formaram-se
5.400 guias cívicos e 440 brigadistas. Os guias são jovens residentes em 116 favelas do Rio.
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