São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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São Paulo estima gastos de R$ 2,4 mi com visita do papa

Governo e prefeitura dizem que vinda de Bento 16 vai movimentar a economia da cidade

Despesa abrange telões e segurança; membros do Ministério Público afirmam que o Estado não pode dar subsídio a cultos religiosos


LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo divulgaram ontem a estimativa de gastos públicos com a visita do papa Bento 16 à capital paulista. O valor total é de R$ 2,4 milhões.
A quantia será usada para a missa no Campo de Marte, no dia 11 de maio, e no encontro do papa com os jovens no Estádio do Pacaembu, no dia 10.
A estrutura de cada palco deve custar, em média, R$ 300 mil (o valor não inclui iluminação e som). Além disso, o poder público vai contratar empresas para fornecer 15 telões, 14 mil metros de grades, mil sanitários, 43 ambulâncias, 28 postos médicos, 20 torres de monitoramento da PM (Polícia Militar), 25 geradores de energia, 650 faixas informando desvios no trânsito e 1.250 cones da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Alguns itens serão doados pela iniciativa privada. A Telefônica, por exemplo, vai fornecer acesso à internet para a sala de imprensa usada pelos veículos de comunicação que vão cobrir os eventos.
O valor de R$ 2,4 milhões se baseia em um levantamento de preços feito pela SPTuris (São Paulo Turismo). Este órgão da prefeitura é responsável por organizar a visita de Bento 16 à cidade pelo lado estatal. A quantia mostra o quanto o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL) esperam gastar com a estada do papa.
Não foi divulgado quanto da despesa caberá ao Estado e quanto à prefeitura. O Palácio dos Bandeirantes repassará recursos à SPturis por meio de um convênio. As licitações públicas para o fornecimento de bens e serviços para a visita estão abertas para os interessados e vão até 30 de abril.
A Arquidiocese de São Paulo ainda não divulgou quanto pretende gastar com o papa. O governo federal montou um grupo de trabalho para organizar a visita e, via Exército e Polícia Federal, vai cuidar da segurança do pontífice, mas também não publicou seus gastos.
Governo federal, estadual e municipal justificam as despesas sob o argumento de que Bento 16, além de líder máximo do catolicismo, é chefe do Estado do Vaticano. Devido a esta condição, dizem, as despesas com o papa se justificam.
Caio Carvalho, presidente da SPTuris, afirma que os dispêndios também podem ser explicados por outro aspecto. "Os turistas que virão ver o papa devem gastar R$ 50 milhões na cidade", diz ele. "O dinheiro gasto pelo município voltará aos cofres públicos por meio de impostos. Além disso, é uma forma barata de divulgar a cidade para o mundo. Mais de cem países acompanharão a visita."
Ao todo, diz Carvalho, serão gerados 1.020 empregos diretos e indiretos apenas na organização dos eventos.
Membros do Ministério Público afirmam que vão contestar os gastos na Justiça porque a Constituição proíbe subsídio a cultos com dinheiro público.


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