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São Paulo estima gastos de R$ 2,4 mi com visita do papa
Governo e prefeitura dizem que vinda de Bento 16 vai movimentar a economia da cidade
Despesa abrange telões e segurança; membros do Ministério Público afirmam que o Estado não pode dar subsídio a cultos religiosos
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo divulgaram ontem a estimativa de gastos públicos com a visita do papa Bento 16 à capital paulista. O
valor total é de R$ 2,4 milhões.
A quantia será usada para a
missa no Campo de Marte, no
dia 11 de maio, e no encontro do
papa com os jovens no Estádio
do Pacaembu, no dia 10.
A estrutura de cada palco deve custar, em média, R$ 300 mil
(o valor não inclui iluminação e
som). Além disso, o poder público vai contratar empresas
para fornecer 15 telões, 14 mil
metros de grades, mil sanitários, 43 ambulâncias, 28 postos
médicos, 20 torres de monitoramento da PM (Polícia Militar), 25 geradores de energia,
650 faixas informando desvios
no trânsito e 1.250 cones da
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Alguns itens serão doados
pela iniciativa privada. A Telefônica, por exemplo, vai fornecer acesso à internet para a sala
de imprensa usada pelos veículos de comunicação que vão cobrir os eventos.
O valor de R$ 2,4 milhões se
baseia em um levantamento de
preços feito pela SPTuris (São
Paulo Turismo). Este órgão da
prefeitura é responsável por organizar a visita de Bento 16 à cidade pelo lado estatal. A quantia mostra o quanto o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM,
ex-PFL) esperam gastar com a
estada do papa.
Não foi divulgado quanto da
despesa caberá ao Estado e
quanto à prefeitura. O Palácio
dos Bandeirantes repassará recursos à SPturis por meio de
um convênio. As licitações públicas para o fornecimento de
bens e serviços para a visita estão abertas para os interessados e vão até 30 de abril.
A Arquidiocese de São Paulo
ainda não divulgou quanto pretende gastar com o papa. O governo federal montou um grupo de trabalho para organizar a
visita e, via Exército e Polícia
Federal, vai cuidar da segurança do pontífice, mas também
não publicou seus gastos.
Governo federal, estadual e
municipal justificam as despesas sob o argumento de que
Bento 16, além de líder máximo
do catolicismo, é chefe do Estado do Vaticano. Devido a esta
condição, dizem, as despesas
com o papa se justificam.
Caio Carvalho, presidente da
SPTuris, afirma que os dispêndios também podem ser explicados por outro aspecto. "Os
turistas que virão ver o papa devem gastar R$ 50 milhões na cidade", diz ele. "O dinheiro gasto
pelo município voltará aos cofres públicos por meio de impostos. Além disso, é uma forma barata de divulgar a cidade
para o mundo. Mais de cem países acompanharão a visita."
Ao todo, diz Carvalho, serão
gerados 1.020 empregos diretos e indiretos apenas na organização dos eventos.
Membros do Ministério Público afirmam que vão contestar os gastos na Justiça porque
a Constituição proíbe subsídio
a cultos com dinheiro público.
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