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Oposição ao liberalismo define 'projeto rebelde'
do enviado especial
Na reunião do Chile, consolidou-se o que Mangabeira Unger
define como "um projeto rebelde", naturalmente de oposição às
políticas ditas neoliberais, hoje hegemônicas no mundo, a ponto de
se tê-las batizado com a designação de "pensamento único".
O documento-base que serviu
para o debate é produto de três
reuniões anteriores de algumas
das mais importantes lideranças
de esquerda e centro-esquerda de
Brasil, Chile, Argentina e México.
Há, ainda, divergências, mas
tanto Lula como Tarso Genro, os
dois "presidenciáveis" do PT, saíram da reunião afirmando que se
trata de um bom ponto de partida.
Tarso acha que o texto (publicado na íntegra no caderno Mais! de
4 de maio e resumido na edição de
ontem) tem como "idéia chave a
impugnação política da integração
subordinada".
Decodificando o "sociologuês",
quer dizer que as esquerdas latino-americanas não aceitam que
seus países entrem na globalização
de uma forma dependente.
Nem aceitam, sempre segundo
Tarso, que "o Estado tenha atingido o limite das políticas de distribuição de renda".
Lula, por sua vez, afirma: "Nem
queremos o Estado velho, que não
funcionava, nem o Estado mínimo, que também não funciona".
O líder do PT rejeitou também
uma outra dicotomia: "De um lado, o neoliberalismo nos pressiona para sermos tão modernos
quanto eles. Do outro, há a pressão
dos saudosistas do socialismo fracassado nestes últimos anos".
O apoio ao texto-base, embora
com divergências pontuais, não
significa, entretanto, que ele esteja
pronto e acabado.
A tarefa, agora, conta Mangabeira Unger, é fazer reuniões em um
grupo menor para elaborar um
manifesto que sintetize as propostas, além de discuti-las em cada
país, para adaptação às realidades
locais.
"Coisa nova"
O trabalho deve ficar pronto em
dois meses, no máximo, para passar-se à etapa da sua maior divulgação nos meios de comunicação,
inclusive no mundo desenvolvido.
"É preciso deixar claro que há
uma coisa nova no debate internacional", acha o professor de Harvard, co-autor do texto, junto com
o sociólogo mexicano Jorge Castañeda.
A "coisa nova" seria demonstrar, com o "projeto rebelde", que
os eleitores latino-americanos não
têm de optar apenas entre o neoliberalismo e o que Ciro Gomes chama de "vingança populista".
Do encontro no Chile, participaram representantes do PT, PDT,
PSDB, PSB e PMDB (Brasil), da
União Cívica Radical e da Frepaso
(Frente País Solidário), da Argentina, do centro-direitista PAN
(Partido de Ação Nacional) e do
centro-esquerdista PRD (Partido
Revolucionário Democrático), do
México, e do PS (Partido Socialista), do Chile.
(CR)
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