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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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Executiva discutirá hoje situação dos parlamentares contrários às reformas; "não há fato concreto para punição", diz Lindberg

Radicais mantêm posição apesar de ameaça

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ameaçados de expulsão do PT por estarem contra as propostas de reforma do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Araújo (PA), o Babá, Lindberg Farias (RJ) e Luciana Genro (RS) afirmam que não vão recuar de suas posições. Os quatro foram convocados para a reunião com a Executiva Nacional do partido, hoje, em São Paulo.
""Eu nunca votei contra os trabalhadores e não será essa a primeira vez", afirmou Luciana. Num ato público ontem, em Porto Alegre (leia abaixo), ela lançou a proposta que apresentará hoje à executiva: fazer uma consulta aos filiados do partido sobre o conteúdo das reformas.
A deputada gaúcha afirmou estar disposta a seguir as decisões do PT, desde que elas tenham o aval dos militantes.
""Eu não acredito que o partido vá fazer expurgos contra deputados que reivindicam o direito de ser o que o PT sempre foi. [José" Genoino [presidente do PT" e os outros companheiros têm todo o direito de mudar de opinião [numa referência à oposição que o partido fazia às reformas". Mas não podem exigir que façamos o mesmo", afirmou.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) usará em sua defesa um argumento jurídico. "Não há um fato concreto que justifique um processo de punição. Isso é uma norma do Estado democrático de Direito", disse. No entendimento de Farias, não pode haver punição preventiva, porque ainda não existe voto.
""Não mudarei minha posição. Não voto a favor dessa reforma da Previdência. O problema não é só a taxação dos inativos. Vou dizer à Executiva que não temos por que estar sendo ameaçados de punição por defendermos o que o PT defendia há um ano. Lula se elegeu defendendo essas propostas", disse Babá.
Segundo Genoino, os quatro ""radicais" extrapolaram as fronteiras do debate político, avançando para a ação.
A começar pelo almoço oferecido ao presidente do PDT, Leonel Brizola, por Farias e Heloísa. Contra Babá pesa a participação em uma manifestação de servidores públicos na qual ele teria sido flagrado ""vaiando" o presidente Lula. Quanto a Luciana, Genoino lembra que ela foi suspensa por um mês do PT do Rio Grande do Sul por sua sistemática oposição ao governo de Olívio Dutra.
Depois de ouvir hoje os deputados e a senadora, a Executiva encaminhará o assunto para que o Conselho de Ética do partido apure se eles infringiram normas partidárias. Caberá ao conselho propor ou não uma punição, que será submetida à votação do Diretório Nacional em junho. A reunião de hoje será dividida em duas partes. Na primeira, líderes no Congresso falarão sobre as reformas. O caso dos radicais ficará para depois. (RAQUEL ULHÔA E ANDRÉA MICHAEL)


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