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PT defende atitude, e oposição vê "stalinismo"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados e senadores governistas se uniram ontem à oposição para repudiar a atitude tomada pelo governo brasileiro em relação ao correspondente do jornal
"The New York Times". Diferentemente da repercussão da reportagem que motivou o cancelamento do visto, quando a defesa
do governo foi unânime, o tom
ontem foi o de que o governo tomou uma atitude despropositada.
"Isso não é inteligente, não colabora com a imagem do governo
nem no Brasil nem no exterior. O
governo poderia ter tomado medidas jurídicas. Quem orientou o
governo orientou errado", disse o
deputado Renato Casagrande
(ES), líder da bancada do PSB.
"Transformar isso em questão
de Estado é preocupante. Não podemos nos perder. Vai expulsar o
jornalista estrangeiro? E o jornalista brasileiro vai fazer o quê?",
questionou o deputado Roberto
Freire, presidente do PPS.
O deputado José Carlos Aleluia
(BA), líder da bancada do PFL,
afirmou que o governo pretende
implantar uma "lei da mordaça
internacional". "É uma decisão de
um governo que demonstra desrespeito, primarismo, truculência. É um stalinismo retardado."
A deputada Maninha (DF), uma
das responsáveis no PT pelas
questões internacionais, disse
considerar o cancelamento do
visto uma atitude "autoritária".
O deputado Fernando Gabeira
(sem partido-RJ) disse que a medida representa um equívoco. "É
a primeira vez, em um momento
democrático do país, que expulsamos um jornalista. A reportagem
é lamentável mas a reação é muito
mais lamentável", disse Gabeira,
que é proibido de entrar nos Estados Unidos devido à participação
no seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, na
década de 60.
O deputado Arlindo Chinaglia
(SP), líder da bancada do PT, foi
um dos poucos que saiu em defesa da atitude do governo. "O jornal não fez reparos à reportagem
mesmo depois que o governo e os
líderes políticos desmentiram as
informações. Isso não impede
que outros representantes do
"NYT" entrem no país, a liberdade
de imprensa está garantida."
O presidente nacional do PT,
José Genoino, também defendeu
a atitude. Segundo ele, trata-se de
"uma decisão política que tem o
apoio do partido". "Um jornalista
estrangeiro não poderia fazer isso, atacar o presidente e a instituição da Presidência da República.
Qualquer país democrático, diante de um ataque ao presidente, faria o mesmo", disse.
Para o governador petista Jorge
Viana (AC), a decisão do governo
foi "justa", pois o repórter, por
meio de sua reportagem, provocou um "dano" ao país.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), que estava no lançamento do livro do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
"Crônicas do Brasil Contemporâneo", ontem à noite em Brasília,
se surpreendeu com a notícia.
"Considero a decisão do governo
grave porque fere a liberdade de
imprensa", afirmou.
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