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Agricultores ligados ao MST
saqueiam armazém no RN
da Agência Folha
Cerca de 350 pessoas saquearam
ontem o armazém da Secretaria
Municipal de Agricultura de Bento
Fernandes (RN). Foram levadas
360 cestas básicas do governo estadual, com 16 quilos de alimentos
cada. Ninguém foi preso.
De acordo com o secretário municipal de Agricultura de Bento
Fernandes, Paulo Marques de Oliveira, o saque ocorreu por volta
das 12h30 de ontem.
Segundo ele, o saque foi feito por
assentados e acampados ligados
ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Segundo Oliveira, eles vieram do assentamento Terra, Trabalho e Liberdade e dos acampamentos de
Barreto e Espinheiro, na cidade.
A Agência Folha não conseguiu
localizar ontem a direção estadual
do MST no Rio Grande do Norte.
O assentado Luís Andrade, 38,
que vive no assentamento Terra,
Trabalho e Liberdade, disse por telefone que os assentados querem
participar da "frente de emergência" e, por isso, invadiram o armazém. "O povo está vivendo de
poeira", disse ele, que não chegou
a tempo de participar do saque.
O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, José
Carlos Leite Filho, disse que a Polícia Federal não vai atuar neste caso porque não se trata de crime federal, já que o prédio é municipal.
O saque ocorreu após a Secretaria Municipal de Agricultura ter
começado a cadastrar os moradores para receber as cestas.
Só 270 estariam incluídos e, por
isso, teria havido descontentamento dos assentados e acampados, que ficaram de fora da lista.
Acusados
O Tribunal de Justiça de Pernambuco deve julgar hoje o pedido de libertação dos agricultores
Luiz Lucas da Silva, 49, e Ismael
Cícero Luiz, 38, presos há oito dias
sob acusação de participar de um
saque em Aliança (zona da Mata).
O pedido de habeas corpus foi
impetrado pelo advogado Marcelo
Santa Cruz, da Rede de Direitos
Humanos de Pernambuco.
Cruz diz que Silva e Luiz saquearam apenas para "saciar a fome de
suas famílias". Os dois, que são
ligados ao MST, foram indiciados
sob acusação de furto qualificado,
crime que prevê pena de quatro a
dez anos de prisão.
Segundo ofício enviado ontem
ao Tribunal de Justiça pela juíza de
Aliança, Marinês Marques Viana,
além de invadir um supermercado, Silva e Luiz estariam armados
quando participaram do saque.
Os lavradores, disse o advogado,
confirmaram a participação, mas
alegaram que não tinham o que
comer e que as supostas armas
eram instrumentos de trabalho.
Eles foram transferidos para o
presídio Aníbal Bruno, em Recife.
(FABIANA PEREIRA e FÁBIO GUIBU)
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