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Yeda diz que vice "quer implodir governo"
Governadora gaúcha nega que crise política tenha paralisado sua administração e afirma não temer pedido de impeachment
Tucana admite, no entanto, problemas em sua base na Assembléia e afirma que "gabinete de transição" é tentativa de integrar aliados
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
No meio da maior turbulência política desde que assumiu
o cargo, em janeiro do ano passado, a governadora Yeda Crusius (PSDB), 63, disse não temer o pedido de impeachment
e que o vice-governador Paulo
Feijó (DEM), seu adversário,
quer "implodir o governo".
A tucana afirmou que não se
sente abandonada pelo PSDB
nacional. Também criticou a
oposição e a CPI que já provocou a queda de três secretários
no final de semana.
FOLHA - Como a sra. avalia o pedido de impeachment?
YEDA CRUSIUS - Pedi que avaliassem, como uma agente pública
com responsabilidade de chefe
de Poder, em que base esse pedido se colocou, porque não conheço. Vou apenas analisar sob
esse ponto de vista. Não temo.
FOLHA - Há muitas dúvidas em sua
própria base sobre o gabinete de
transição. A sra. está tentando ganhar tempo por causa da crise?
YEDA - Não. Tudo que é novo
leva algum tempo para ser entendido racionalmente. Para
um ente político parlamentarista como eu, uma crise se enfrenta assim e há uma crise de
relacionamento ético-político
no RS. Eu poderia ter nomeado
um novo chefe da Casa Civil, todos poderiam estar contentes.
Não. Agora é a hora de reafirmar, [por meio] do gabinete, as
ações de cotidiano.
FOLHA - O governo está paralisado
por esta crise?
YEDA - Não.
FOLHA - Há aliados da sra. que dizem que a mídia tem sido usada para amplificar a crise. A sra. concorda?
YEDA - De maneira nenhuma.
Quando a oposição na CPI, de
maneira um pouco estranha,
recebe as fitas de 2.000 horas
num dia e oferece à mídia uma
parte editada, quem ouve as fitas vê que há transcrições erradas, palavras que induzem a
uma nova interpretação.
FOLHA - A sra. demitiu dois secretários muito próximos, Delson Martini, que era o gerente dos principais
projetos do governo, e Cézar Busatto, que fazia a interlocução política.
Como a demissão deles vai repercutir na ação do governo?
YEDA - Na pessoa Yeda repercutem como perda, que saíram
do governo na sociedade midiática, ou por uma foto ou por
uma gravação. Estão com sua
reputação aparentemente ferida e não merecem. Em termos
de governo, nós vivemos na cultura Big Brother. No caso do secretário Delson Martini, a PF
analisou 22 mil horas de gravação e ele não foi nem sequer
chamado ou indiciado. Por que
estão perseguindo o Delson
Martini? Porque estão querendo através dele chegar até a governadora. Porque tem aí um
script político.
FOLHA - A sra. pretende fazer uma
reforma mais ampla, uma reengenharia?
YEDA - Reengenharia não é a
palavra, mas uma experiência
parlamentarista dentro do sistema presidencialista. É a reafirmação da base, de todos os
instrumentos que já tínhamos
iniciado. Não é reestruturação
de governo, mas das relações
políticas do governo.
FOLHA - A sra. considera sólida sua
base?
YEDA - [Vamos] fazer com que
a base se sinta sólida.
FOLHA - A sra. se sente abandonada pelo PSDB nacional?
YEDA - Não, pelo contrário. Na
sexta-feira, quando nós não sabíamos da sessão midiática da
apresentação da fita pelo vice-governador, eles estavam aqui,
o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, e a
valente senadora Marisa Serrano. Foram surpreendidos pelo
ineditismo do escândalo. Governadores e senadores me deram toda a energia do PSDB,
porque eles estavam vivendo,
ao contrário, a mesma coisa.
Eles são oposição em Brasília.
Encerraram a CPI dos Cartões em Brasília sem deixar investigar, mas aqui é diferente.
O governo do Estado quer todas as investigações.
FOLHA - A sra. e o seu vice foram
eleitos juntos. Como a relação de vocês se desgastou a esse ponto?
YEDA - Ele não participou da
campanha eleitoral, pode ter
participado na hora das fotos.
Não participou das propostas,
da formulação do plano de governo. Os meios que ele usou
para atingir pseudo-fins não
são aceitos. Não se faz o que ele
fez. Gravar e apresentar a gravação editada como ele fez. Ele
é contra o governo; para que ele
quer ser governo? Para implodir dentro do governo.
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