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SISTEMA FINANCEIRO
Senado ainda busca elo de ex-presidente do BC com consultoria
Relatório de investigação pode deixar de citar Lopes
da Sucursal de Brasília
O TCU (Tribunal de Contas da
União) anunciou ontem que
vai promover
uma inspeção
no Banco Central para avaliar
"a legalidade, a legitimidade e a
economicidade" das operações de
ajuda aos bancos Marka e FonteCindam. O socorro causou um
prejuízo de R$ 1,57 bilhão ao BC.
O TCU anunciou ainda que vai
investigar denúncias sobre "vazamento de informações privilegiadas ao mercado financeiro por
ocasião da mudança cambial,
ocorrida em janeiro passado".
A suspeita de vazamento motivou a criação da CPI dos Bancos há
quase dois meses. Ainda não foram comprovadas irregularidades.
A inspeção do TCU foi determinada pelo ministro Bento Bugarin.
Na última quarta, durante a sessão
do tribunal, ele disse aos demais
ministros que já havia feito entendimentos com o presidente da CPI,
senador Bello Parga (PFL-MA).
Pelo acordo, a equipe técnica do
TCU terá acesso aos documentos
já levantados pela CPI.
A decisão do TCU se antecipa a
uma das determinações do relatório preliminar da CPI, que ainda
não foi oficialmente divulgado: a
realização de inspeção no BC para
apurar o valor dos prejuízos com a
ajuda ao Marka e ao FonteCindam.
Chico Lopes
O relatório preliminar da CPI, ao
qual a Folha teve acesso, acusa genericamente a diretoria do Banco
Central de falsidade ideológica, baseado na interpretação de que a então diretoria do BC e a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) teriam forjado a carta com o alerta
sobre "risco de crise sistêmica" caso instituições financeiras não pudessem honrar seus contratos no
mercado futuro de dólar.
Isso, na prática, pode livrar Francisco Lopes, ex-presidente do BC e
personagem mais visado pela investigação do Senado, dessa acusação. Isso porque, em depoimento à
CPI, quem assumiu a responsabilidade pela carta foi Tereza Cristina
Grossi, chefe do Departamento de
Fiscalização do BC.
Para enquadrar Lopes na segunda acusação contida no relatório
preliminar, de falso testemunho, a
CPI terá de recorrer ao depoimento dele à Polícia Federal. Quando
convocado pela CPI, o ex-presidente do BC se recusou a depor.
A comissão espera comprovar,
pelo menos, que Lopes manteve
vínculos com a empresa de consultoria econômica Macrométrica, da
qual foi sócio, mesmo depois de assumir cargos no BC.
Falta de provas
Em quase dois meses de investigação, a CPI não conseguiu provas
de que Lopes teve vantagens pessoais ao determinar a ajuda financeira ao Marka e ao FonteCindam.
O indício mais comprometedor
contra Lopes foi recolhido pelo
Ministério Público do Rio -o bilhete em que o consultor Sérgio
Bragança diz ter, em contas no exterior, US$ 1,675 milhão de propriedade do ex-presidente do BC.
A CPI, porém, não conseguiu
comprovar a existência da conta e
não conseguiu relacionar o dinheiro a supostos pagamentos por informações privilegiadas que teriam sido distribuídas ao mercado.
A análise das movimentações de
Lopes em bancos brasileiros ainda
não foi concluída. Alguns extratos
chamaram a atenção por causa de
transferências de alto valor que Lopes fez para contas de sua filha.
Ainda não há, porém, qualquer indício de que o dinheiro movimentado tenha origem ilícita.
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