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PRIVATIZAÇÃO
Em carta ao tribunal, ex-ministro e ex-presidente do BNDES dizem ter chamado de mutreta a um consórcio
Lara e Mendonça se explicam ao TCU
da Sucursal de Brasília
Em carta enviada à presidência
do TCU (Tribunal de Contas da
União), o ex-ministro Luiz Carlos
Mendonça de Barros (Comunicações) e o ex-presidente do BNDES
André Lara Resende afirmam que
não se referiram ao TCU quando
pronunciaram a palavra "mutreta"
em diálogo telefônico gravado
clandestinamente.
Na carta, eles afirmam que a palavra foi usada para qualificar o
consórcio que estava sendo montado pelo Banco do Brasil com suas
seguradoras e outros fundos de
pensão para participar da privatização da Tele Norte Leste (uma das
12 holdings de telefonia vendidas
no leilão da Telebrás).
Esse consórcio acabou ganhando
a disputa pela empresa, pagando
um ágio de apenas 1% sobre o preço mínimo determinado pelo governo federal.
A carta ao TCU foi divulgada ontem pelo próprio tribunal, e o diálogo entre Mendonça de Barros e
Lara Resende foi publicado pela
Folha na edição do último dia 25.
"Problemas com o TCU"
Na conversa grampeada, o ex-ministro relata a Lara Resende
uma conversa anterior com o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil), que havia enfatizado os problemas que o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o Banco do Brasil
poderiam ter com o TCU caso o
BNDES, gestor da privatização da
Telebrás, concedesse financiamento para o consórcio que estava
sendo montado pelo BB.
Mendonça de Barros diz que Malan e Pedro Parente (na época, secretário-executivo do Ministério
da Fazenda), segundo Carvalho,
"estão com problemas com o Tribunal de Contas". E, na sequência,
afirma a Lara Resende: "E aquilo lá
é uma mutreta, concorda?".
Em seguida, ele diz que Malan e
Parente são "dois babacas", pois
possuem "um discurso privatista"
e montam "uma mutreta" para o
leilão da Telebrás.
Grupo "chapa branca"
"Os signatários manifestavam a
sua compreensão de que o grupo
de compradores integrado por
aquelas seguradoras seria "chapa
branca" e de que sua ação compradora, com financiamento do
BNDES, ainda mais desenvolvida
sob um discurso "privatista", seria
uma "mutreta'", afirmam Mendonça de Barros e Lara Resende na
carta enviada ao TCU.
Eles dizem ainda que não foi
emitido nenhum "conceito pejorativo" em relação ao Tribunal de
Contas da União e que a palavra
"mutreta" representava o que
"consideravam uma distorção do
processo de privatização".
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