São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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PRIVATIZAÇÃO
Em carta ao tribunal, ex-ministro e ex-presidente do BNDES dizem ter chamado de mutreta a um consórcio
Lara e Mendonça se explicam ao TCU

da Sucursal de Brasília

Em carta enviada à presidência do TCU (Tribunal de Contas da União), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende afirmam que não se referiram ao TCU quando pronunciaram a palavra "mutreta" em diálogo telefônico gravado clandestinamente.
Na carta, eles afirmam que a palavra foi usada para qualificar o consórcio que estava sendo montado pelo Banco do Brasil com suas seguradoras e outros fundos de pensão para participar da privatização da Tele Norte Leste (uma das 12 holdings de telefonia vendidas no leilão da Telebrás).
Esse consórcio acabou ganhando a disputa pela empresa, pagando um ágio de apenas 1% sobre o preço mínimo determinado pelo governo federal.
A carta ao TCU foi divulgada ontem pelo próprio tribunal, e o diálogo entre Mendonça de Barros e Lara Resende foi publicado pela Folha na edição do último dia 25.

"Problemas com o TCU"
Na conversa grampeada, o ex-ministro relata a Lara Resende uma conversa anterior com o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil), que havia enfatizado os problemas que o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o Banco do Brasil poderiam ter com o TCU caso o BNDES, gestor da privatização da Telebrás, concedesse financiamento para o consórcio que estava sendo montado pelo BB.
Mendonça de Barros diz que Malan e Pedro Parente (na época, secretário-executivo do Ministério da Fazenda), segundo Carvalho, "estão com problemas com o Tribunal de Contas". E, na sequência, afirma a Lara Resende: "E aquilo lá é uma mutreta, concorda?".
Em seguida, ele diz que Malan e Parente são "dois babacas", pois possuem "um discurso privatista" e montam "uma mutreta" para o leilão da Telebrás.

Grupo "chapa branca"
"Os signatários manifestavam a sua compreensão de que o grupo de compradores integrado por aquelas seguradoras seria "chapa branca" e de que sua ação compradora, com financiamento do BNDES, ainda mais desenvolvida sob um discurso "privatista", seria uma "mutreta'", afirmam Mendonça de Barros e Lara Resende na carta enviada ao TCU.
Eles dizem ainda que não foi emitido nenhum "conceito pejorativo" em relação ao Tribunal de Contas da União e que a palavra "mutreta" representava o que "consideravam uma distorção do processo de privatização".


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