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O PUBLICITÁRIO
Empresa movimentou R$ 26,4 mi
MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Novo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) encaminhado à CPI
dos Correios revela a movimentação de R$ 26,4 milhões em pouco
mais de dois anos na empresa 2S
Participações Ltda., criada em nome de funcionários do publicitário Marcos Valério Fernandes de
Souza, com capital de R$ 1.000. Só
no ano passado, a empresa movimentou R$ 20,2 milhões.
A 2S é uma das 14 empresas ligadas ao publicitário Marcos Valério e que tiveram o sigilo quebrado na CPI dos Correios.
Em depoimento à comissão na
semana passada, Marcos Valério
contou que pediu a duas pessoas
de sua confiança que abrissem a
empresa 2S porque ele enfrentava
problemas na Receita Federal e na
Justiça. A empresa, aberta em setembro de 2002, foi transferida
para o nome do publicitário e o de
sua mulher 41 dias depois.
"(...) Eu tenho outra empresa
chamada Cepel. É uma hípica
dentro de Belo Horizonte, e essa
2S Participações fez as obras do
Cepel, as reformas no Cepel", disse Valério à CPI.
Por ora, a CPI não identificou a
origem do dinheiro que passou
pelas contas da empresa.
A CPI havia definido como
prioridade identificar a origem de
um depósito de R$ 2,4 milhões na
conta da Graffiti Participações
Ltda. A operação foi a única realizada no ano passado pela Graffiti
na sua conta no banco BMG, de
Belo Horizonte, e tem o mesmo
valor do empréstimo feito pelo
banco ao PT no ano anterior, com
o aval de Marcos Valério.
O depósito na conta da Graffiti,
realizado em julho de 2004, não
foi registrado no Imposto de Renda da empresa. O publicitário só
figurou como sócio da Graffiti por
pouco mais de sete meses, entre o
final de 1998 e o início de 1999. A
maioria do capital pertence à mulher de Marcos Valério, Renilda.
A empresa detém participação
da DNA e funciona no mesmo endereço da outra agência de publicidade de Valério, a SMPB Comunicação, no sétimo andar do prédio número 1.190 da rua dos Inconfidentes. Essas são duas principais agências do publicitário.
Em 2003, primeiro ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva,
as movimentações da Graffiti explodiram. Segundo o levantamento da Receita Federal, feito
com base no pagamento de
CPMF, as movimentações financeiras nesse ano representaram
quase dez vezes o volume das
transações registradas nos três
anos anteriores. Só na sua conta
no Banco Rural de Belo Horizonte, a Graffiti movimentou em
2004 R$ 53,4 milhões, mais do que
o dobro do ano anterior.
As principais agências das quais
Marcos Valério é sócio também
registraram crescimento nas movimentações financeiras depois
da posse de Lula no Planalto. Em
2003 e 2004, a DNA mais do que
dobrou as transações em relação
aos dois últimos anos de mandato
do presidente Fernando Henrique Cardoso. A SMPB movimentou, nos dois primeiros anos de
governo Lula, quatro vezes o volume de dinheiro movimentado
em igual período da gestão FHC.
Entre 2000 e março deste ano,
seis das empresas do publicitário
movimentaram entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,6 bilhão. Os valores
não são corrigidos pela inflação.
Bloqueio
A Procuradoria Geral Federal
do INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social) citou, em ação
enviada à Justiça Federal de Minas Gerais, o caso do "mensalão"
entre as razões justificadas para
pedir o bloqueio das contas bancárias de Marcos Valério e da empresa DNA Propaganda.
"Como é de conhecimento geral, um dos sócios da executada,
sr. Marcos Valério Fernandes de
Souza, encontra-se sob investigação junto a [sic] Polícia Federal e a
Comissão Parlamentar de Inquérito, acusado de ser operador do
denominado "mensalão'", disse
na ação a procuradora federal Doriana do Carmo Maia Zauza.
Ontem, em Belo Horizonte, o
advogado de Marcos Valério e da
DNA, Ildeu da Cunha Pereira,
desqualificou os argumentos do
INSS. "O procurador federal do
INSS que assinou a petição alegou
até o tal do "mensalão". O procurador do INSS é um imbecil."
Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte
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