São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

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MALAS SUSPEITAS

R$ 10 milhões teriam sido arrecadados em eventos no domingo

Igreja Universal afirma que dinheiro foi doado por fiéis

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Igreja Universal do Reino de Deus informou ontem, por meio de nota, que o dinheiro apreendido pela Polícia Federal veio da "doação de fiéis" e seria usado no pagamento de impostos, aluguéis, empregados e contas de água, luz e telefone, além da compra de imóveis e móveis.
Ainda segundo a Igreja Universal, a matriz da instituição, localizada em Santo Amaro (SP), controla todos os pagamentos. Por essa razão, o dinheiro transportado no avião seria depositado em agências bancárias de São Paulo.
O dinheiro foi doado no domingo por fiéis, conforme informa a nota, durante eventos, realizados em templos, de comemoração ao 28º aniversário da igreja.
Segundo a nota, "todo valor transportado para depósito em São Paulo era em moeda nacional, o que não caracteriza ato criminoso, sendo que teve origem categoricamente comprovada e amparada pela Constituição".
No comunicado, a Universal diz ainda que o deputado federal e bispo João Batista Ramos da Silva (PFL-SP) e os demais bispos presentes no avião "portavam autorização expressa da igreja para transporte de dinheiro, inclusive com descrição da origem e finalidade dos valores".
Bispo da Igreja Universal, o líder do PL no Senado, Marcelo Crivella (RJ), afirmou que as sete malas de dinheiro apreendidas com o deputado "não têm nada a ver com dólares escondidos em cueca, com corrupção".
O senador tentou diferenciar o episódio envolvendo a igreja da prisão, na última sexta-feira, de José Adalberto Vieira da Silva com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil (R$ 237 mil) na cueca. Ele era secretário do diretório do PT no Ceará e assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente do partido José Genoino.
Segundo Crivella, o dinheiro transportado pelo deputado é fruto de doações de fiéis da região da Amazônia e de Brasília e estaria sendo transportado para São Paulo porque as agências bancárias regionais não aceitariam um volume tão grande de dinheiro em notas pequenas.
Ele disse que em São Paulo são feitos pagamentos de salários, de aluguéis, de compra de imóveis e de contas de consumo da Igreja.
Segundo ele, 70% das notas que estavam nas malas eram de R$ 5, R$ 10 ou R$ 20, outros 25% seriam notas de R$ 50 e apenas 5% em notas de R$ 100.
Crivella afirmou ter conversado com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para evitar a exploração política do episódio. "Sei que nesse momento há rivalidade entre o partido do governo e o PFL, mas ele [Batista] não está ali como integrante do PFL e sim como presidente da Igreja", disse. Ainda segundo o senador, a PF interceptou as malas por achar que poderia haver notas falsas.


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