São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

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Jogos exercem forte lobby no governo federal

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O "Plano Diretor da Promoção da Indústria de Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos no Brasil", elaborado em dezembro pela Abragames (Associação Brasileira da Indústria Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos), ajuda a entender por que a Telemar investiu R$ 5 milhões na Gamecorp, empresa da qual é sócio Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente da República.
A Gamecorp atua num ramo de negócios que desenvolve um forte lobby junto ao governo federal -principalmente na pasta de Gilberto Gil, da Cultura- com o objetivo de enquadrar os jogos eletrônicos entre os programas beneficiados pela Lei Rouanet (sistema de mecenato na forma de patrocínio incentivado via abatimento do imposto de renda).
Outro foco do plano é o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Finep (pretende-se a cooperação entre indústria e academia e a criação de linhas de crédito especiais para projetos de jogos, como o "Programa Juro Zero"). Finalmente, a Abragames pleiteia a revisão da tributação do setor de jogos eletrônicos.
Entre especialistas, instituições acadêmicas e empresários que colaboraram no Plano Diretor, está Kalil Bittar, sócio do filho de Lula na G4 Brasil.
O mercado deve movimentar cerca de US$ 50 bilhões em todo o mundo, neste ano. O interesse da telefonia é revelado no plano: "O desenvolvimento de jogos para celular no Brasil funciona de forma semelhante ao resto do mundo: as operadoras de telefonia se tornaram os distribuidores desse mercado e compartilham receitas com os desenvolvedores".
Mas esse ainda é um mercado pouco rentável no Brasil, que não tem tradição em desenvolvimento de jogos e onde o setor convive com a pirataria. Em setembro havia no país 40 empresas dedicadas ao desenvolvimento de jogos eletrônicos.
Segundo a Abragames, Gil defende a criação de "políticas públicas" para as chamadas "indústrias criativas". O Ministério da Cultura lançou um concurso de jogos brasileiros.
Em outubro, a Abragames lamentava que o anteprojeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), agência para regulamentar o setor audiovisual, não fazia referência a jogos. Em novembro, a Abragames comemorou a indicação de representante no Comitê Assessor da Secretaria do Audiovisual, para colaborar junto ao governo na elaboração de um plano de desenvolvimento do setor.


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