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Minc acusa Mangabeira de invadir a área ambiental
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Incomodado com a ingerência do ministro Mangabeira
Unger (Assuntos Estratégicos)
na área ambiental, Carlos Minc
(Meio Ambiente) classificou de
"invasão" as iniciativas do colega para abarcar a gestão do novo Fundo Amazônia, que vai
captar doações condicionadas à
redução do desmatamento na
floresta, estimadas em US$ 1
bilhão no primeiro ano.
"Ele [Unger] realmente extrapolou; houve um desejo de
que o fundo fosse para as asas
dele", reagiu Minc ao se manifestar sobre o estresse no comando do combate ao desmatamento. Esse estresse levou o
diretor de articulação de ações
da Amazônia, André Lima, a
pedir demissão.
Na carta encaminhada a
Minc, Lima menciona a viagem
de Mangabeira à Noruega anteontem, como parte de roteiro
na Europa em que o Fundo
Amazônia esteve em pauta, assim como o atraso na divulgação de dados do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) e a suposta falta de prioridade do governo no combate ao
desmatamento.
"Nas atuais condições de descoordenação, o plano é insuficiente para manter a queda
consistente e permanente da
degradação de nossas florestas
tropicais", escreve o diretor.
Minc concorda com as preocupações do ex-assessor, mas
considerou a demissão um gesto precipitado. Ele avalia que
Mangabeira Unger, coordenador do PAS (Plano Amazônia
Sustentável), quis, mas não vai
levar o comando do Fundo
Amazônia.
A Folha tentou falar com o
ministro de Assuntos Estratégicos ontem, mas sua assessoria não conseguiu localizá-lo
em Londres, última escala da
viagem à Europa.
Segundo Minc, o decreto de
criação do fundo será assinado
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de agosto, no
formato proposto pelo Ministério do Meio Ambiente.
A maior doação já acertada
virá da Noruega. A gestão ficará
a cargo de um conselho, no
qual Unger não terá assento.
Monitoramento
Minc anunciou ontem mudanças no sistema de monitoramento do desmatamento da
Amazônia. Os dados passarão a
ser divulgados mensalmente
-e não mais quinzenalmente-
e desagregados a fim de mostrar separadamente o chamado
"corte raso" (derrubada total e
em massa da floresta) e a degradação progressiva.
Esse era um pleito antigo, segundo o ministro, do governador Blairo Maggi (MT), crítico
das ações do governo na área. O
Mato Grosso lidera o desmatamento da Amazônia.
Segundo Minc, o desmatamento na Amazônia caiu em junho, como mostrará na próxima terça-feira o Inpe.
Colaborou a Sucursal do Rio
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