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Sarney pode ter conta fora do país, diz revista
Oposição avalia que nova denúncia deixa peemedebista mais dependente de Lula
Presidente do Senado diz que não tinha contas no exterior no período, mas confirma que teve gastos de viagem pagos por banqueiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição avaliou que as revelações diárias de novas denúncias obrigam o presidente
do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), a depender cada
vez mais do apoio político do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para permanecer no cargo. E que a nova denúncia publicada de que Sarney teria
uma conta bancária no exterior
não declarada à Receita Federal fragiliza ainda mais a situação do senador.
Reportagem publicada na revista "Veja" desta semana revela que os arquivos que fazem
parte de um processo sigiloso
de liquidação do Banco Santos
indicam que Sarney tinha uma
conta no exterior.
Segundo a reportagem, documento com o título "JS-2", com
sete linhas e que integra o processo, mostra que este era o nome-código de uma conta de dólares de Sarney. As anotações
foram feitas em junho de 2001.
O banqueiro Edemar Cid
Ferreira, dono do Banco Santos, é amigo de Sarney. Segundo a revista, eles estiveram em
Veneza, em junho de 2001, visitando a Bienal de Artes da cidade. Na volta, o banqueiro fez em
seu computador registros financeiros da viagem. Nas anotações está a entrega de US$ 10
mil em Veneza a "JS".
Nas investigações feitas pela
Polícia Federal e por auditores
do Banco Central nas atividades financeiras clandestinas do
Banco Santos consta que o arquivo "JS-2 -Posição exterior
JS" registrava saldo no exterior
de US$ 870,5 mil em outubro
de 1999, diz a revista. Além da
entrega em dinheiro vivo, no
arquivo "JS" também constam
retiradas da conta no exterior.
A reportagem mostra que em
um dos saques, de US$ 2.273,
depois convertido em reais, especifica-se para quem o dinheiro deve ser entregue: na al.
Franca (SP), onde a família Sarney tem apartamento.
A conta secreta no exterior
administrada pelo banqueiro
não faz parte das declarações
de Imposto de Renda de Sarney, diz a revista. Os dólares da
conta "JS" equivaliam a R$ 1,7
milhão em 1999, 74% do patrimônio declarado por Sarney.
Por meio de sua assessoria,
Sarney disse à revista que não
manteve recursos no exterior
no período. Confirmou, porém,
que esteve em Veneza com
Edemar com as despesas da
viagem pagas pelo banqueiro.
"São insinuações graves de
prática de crime fiscal, com
evasão de divisas. É um assunto
que tem que ser aprofundado",
disse o líder do DEM, senador
José Agripino Maia (RN).
O presidente nacional do
PSDB, senador Sérgio Guerra
(PE), disse que se dependesse
do Senado, Sarney não estaria
mais na presidência. "Ele perdeu todo o apoio político na Casa, mas ficou por ingerência do
presidente Lula e da ministra
Dilma [Rousseff, Casa Civil].
Quero ver até onde isso vai."
Sarney já foi acusado de se
beneficiar dos atos secretos para nomear e exonerar parentes
e correligionários no Senado,
de receber auxílio-moradia ilegalmente e emprestar apartamento funcional, além de ter
neto atuando na Casa no mercado de crédito consignado.
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