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QUESTÃO AGRÁRIA
Congresso em Brasília termina com diretrizes contra transgênicos e a favor de alianças com pequenos empresários
Reunião do MST prega invasão e queimada
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Invadir latifúndios, identificar e
queimar plantações de alimentos
transgênicos, buscar alianças até
com pequenos empresários e realizar a maior jornada de lutas da
história do movimento em abril
do próximo ano.
Essas são as principais tarefas
delegadas aos 11 mil sem-terra
que participaram do 4º Congresso Nacional do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), encerrado ontem em Brasília (DF).
O grande ausente no congresso
do MST foi o líder petista Luiz
Inácio Lula da Silva, esperado
desde segunda-feira. Lula esteve
em Brasília, mas ignorou o encontro dos sem-terra.
Ausência de Lula
"Não entendemos a ausência
dele", disse Gilberto Portes, da direção nacional do MST.
Questionado se o aumento das
invasões de terra ou a radicalização contra os transgênicos não
vão gerar mais vítimas fatais no
campo, o dirigente Jaime Amorim afirmou que durante 500
anos o pobre se curvou ao coronelismo.
"Agora é hora de erguer a cabeça e virar soldados. Não vamos lutar para perder ou morrer, mas
também não vamos deixar de lutar por medo de perder", disse o
líder sem terra.
Na prática, as invasões de terra
começam na próxima semana.
Sócio de FHC
José Rainha Júnior, líder do
MST na região de maior confronto agrário no Estado de São Paulo,
disse que o primeiro ato dos militantes no Pontal do Paranapanema será a ocupação da fazenda
Santa Maria, em Teodoro Sampaio, de propriedade da família de
Jovelino Mineiro.
O alvo foi escolhido porque Jovelino Mineiro é sócio do presidente Fernando Henrique Cardoso na fazenda Buritis, em Minas
Gerais.
O MST do Pontal já mantém há
três meses 422 famílias acampadas em frente à fazenda.
Amorim disse que outras bandeiras importantes do movimento a partir de agora são a organização de uma consulta popular
para que o brasileiro decida se o
país deve ou não pagar a dívida
externa.
Dívida externa
A consulta sobre a dívida externa ocorre de 2 a 7 de setembro
com apoio da CPT (Comissão
Pastoral da Terra) e de outros movimentos populares.
Além disso, os militantes levam
a seus Estados a orientação de eleger prefeitos progressistas e tornar a eleição deste ano um espaço
de debate sobre a dívida externa,
o problema agrário e a política
econômica.
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