São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUESTÃO AGRÁRIA
Congresso em Brasília termina com diretrizes contra transgênicos e a favor de alianças com pequenos empresários
Reunião do MST prega invasão e queimada

ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Invadir latifúndios, identificar e queimar plantações de alimentos transgênicos, buscar alianças até com pequenos empresários e realizar a maior jornada de lutas da história do movimento em abril do próximo ano.
Essas são as principais tarefas delegadas aos 11 mil sem-terra que participaram do 4º Congresso Nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), encerrado ontem em Brasília (DF).
O grande ausente no congresso do MST foi o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, esperado desde segunda-feira. Lula esteve em Brasília, mas ignorou o encontro dos sem-terra.

Ausência de Lula
"Não entendemos a ausência dele", disse Gilberto Portes, da direção nacional do MST.
Questionado se o aumento das invasões de terra ou a radicalização contra os transgênicos não vão gerar mais vítimas fatais no campo, o dirigente Jaime Amorim afirmou que durante 500 anos o pobre se curvou ao coronelismo.
"Agora é hora de erguer a cabeça e virar soldados. Não vamos lutar para perder ou morrer, mas também não vamos deixar de lutar por medo de perder", disse o líder sem terra.
Na prática, as invasões de terra começam na próxima semana.

Sócio de FHC
José Rainha Júnior, líder do MST na região de maior confronto agrário no Estado de São Paulo, disse que o primeiro ato dos militantes no Pontal do Paranapanema será a ocupação da fazenda Santa Maria, em Teodoro Sampaio, de propriedade da família de Jovelino Mineiro.
O alvo foi escolhido porque Jovelino Mineiro é sócio do presidente Fernando Henrique Cardoso na fazenda Buritis, em Minas Gerais.
O MST do Pontal já mantém há três meses 422 famílias acampadas em frente à fazenda.
Amorim disse que outras bandeiras importantes do movimento a partir de agora são a organização de uma consulta popular para que o brasileiro decida se o país deve ou não pagar a dívida externa.

Dívida externa
A consulta sobre a dívida externa ocorre de 2 a 7 de setembro com apoio da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e de outros movimentos populares.
Além disso, os militantes levam a seus Estados a orientação de eleger prefeitos progressistas e tornar a eleição deste ano um espaço de debate sobre a dívida externa, o problema agrário e a política econômica.


Texto Anterior: Presidente visita o Pantanal
Próximo Texto: Congresso foi visto por 107 estrangeiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.