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DEBATE-GOVERNADORES
Em debate morno, tucano é alvo principal
Sem presença de Maluf, candidatos criticam gestão do governador Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem a presença do ex-prefeito
Paulo Maluf (PPB), que desistiu
de comparecer, o debate na TV
Bandeirantes entre os candidatos
ao governo de São Paulo, ontem à
noite, foi marcado pelo tom morno e pelos ataques ao governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
disputa a reeleição.
Houve poucas confrontações
diretas entre os candidatos que
têm chance real de passar para o
segundo turno. Grande parte do
tempo acabou dominado pelas
intervenções dos candidatos de
partidos pequenos.
Participaram nove candidatos
- Alckmin, José Genoino (PT),
Antonio Cabrera (PTB), Fernando Morais (PMDB), Carlos Pittoli
(PSB), Ciro Moura (PTC), Carlos
Apolinário (PGT), Robson Malek
(Prona) e Antônio Pinheiro (PV).
A cadeira de Maluf, que não
participou por discordar do número de participantes, ficou vazia
dentro do estúdio. Sua decisão foi
criticada pelos principais candidatos já no início.
"Quero lamentar a ausência de
um candidato, um desrespeito à
democracia", disse Genoino.
"Eleição é julgamento. Quem foge
ao debate ofende o eleitor", concordou Alckmin.
Os dois primeiros blocos foram
monótonos, o que gerou críticas
de políticos que acompanharam o
debate. "Debate como este é péssimo. Derruba a audiência e espanta o telespectador", declarou o
presidente do PSDB, José Aníbal.
Alckmin foi criticado pelas acusações de corrupção no Rodoanel, pela política educacional, pelo
aumento da criminalidade, por
ter vendido estatais como o Banespa e pela dívida do Estado.
Um dos poucos momentos de
temperatura alta foi uma discussão entre Alckmin e Morais. Morais atacou a construção do Rodoanel, insinuando que houve
corrupção, e o número de pedágios nas estradas, com suas "tarifas extorsivas". "A concordância
com a existência do Rodoanel não
subscreve as acusações de corrupção que cercam a obra. Se for para
transformar o Rodoanel numa
extensão da orgia que a gente tem
em São Paulo, é preferível parar a
obra", declarou Morais.
Alckmin pediu direito de resposta além de seu tempo normal,
afirmando que a afirmação de
Morais era "gravemente ofensiva". "Não admito história de corrupção. Isso é no quintal de outras
pessoas, não aqui", disse, referindo-se a Orestes Quércia, candidato ao Senado na chapa de Morais.
Enquanto o tucano falava, Morais, batendo na mesa, começou a
pedir direito de resposta ao mediador, que resolveu conceder.
"Meu patrimônio, se vendido,
não paga a metade dos outdoors a
que eu tenho direito", reagiu.
No momento, a audiência registrou seu pico até então, de 7,5
pontos, segundo o Ibope (cada
ponto corresponde a 47 mil domicílio em São Paulo). A média,
até as 22h30, era de seis pontos.
Segurança
Após a discussão, foi a vez de
Genoino atacar a gestão tucana,
especificamente a política de
transporte do governador. "O bilhete único de transporte, proposta do meu partido, acabou sendo
barrado pelo atual governo."
Alckmin, mostrando que esperava artilharia pesada, contra-atacou, dizendo que pela primeira
vez o bilhete de metrô custa menos que o ônibus em São Paulo.
Genoino também questionou o
tucano sobre a segurança. "Quero
me dirigir à mãe que está em casa,
perguntar se ela tem tranquilidade se seu filho sair à rua. O investimento foi mal feito. Em 2001, você
[Alckmin" deixou de gastar R$ 40
milhões na segurança."
Alckmin se defendeu destacando a compra de armas e equipamentos. "Esta é uma área em que
não tem mágica. Não se resolve
com palavrório. A polícia está
mais bem treinada e equipada."
O tucano também atacou o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo (PT), especialista em segurança, que, segundo ele "tem causado enormes problemas quando
a polícia enfrenta de maneira firme o crime".
Alckmin também foi criticado
por seu programa de progressão
continuada (aprovação automática de alunos) na educação.
Cabrera, ao abordar o assunto,
prometeu rever o sistema. "Crianças estão passando de ano sem saber ler e escrever", disse ele, que
criticou também a falta de reajustes salariais para os servidores.
Alckmin, na sua réplica, defendeu sua gestão na educação: "Aumentamos o tempo das aulas nas
escolas. Os nossos professores foram os que tiveram o maior reajuste, apesar de ainda não ser o
ideal", declarou.
O tucano também adotou como
tática defender o equilíbrio nas
contas públicas do Estado. "São
Paulo está com a casa em ordem."
Morais, Pinheiro e Pittoli contestaram esse ponto. Morais prometeu como seu primeiro ato renegociar a dívida de São Paulo
com a União. "Não é possível continuar nos termos atuais".
Alckmin, no final do debate, lamentou não poder ter respondido
a todas as críticas. "Aqui é um
candidato do governo contra todos. Vou responder a tudo durante a campanha", declarou.
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