São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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DEBATE-GOVERNADORES

Em debate morno, tucano é alvo principal

Sem presença de Maluf, candidatos criticam gestão do governador Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a presença do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), que desistiu de comparecer, o debate na TV Bandeirantes entre os candidatos ao governo de São Paulo, ontem à noite, foi marcado pelo tom morno e pelos ataques ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a reeleição.
Houve poucas confrontações diretas entre os candidatos que têm chance real de passar para o segundo turno. Grande parte do tempo acabou dominado pelas intervenções dos candidatos de partidos pequenos.
Participaram nove candidatos - Alckmin, José Genoino (PT), Antonio Cabrera (PTB), Fernando Morais (PMDB), Carlos Pittoli (PSB), Ciro Moura (PTC), Carlos Apolinário (PGT), Robson Malek (Prona) e Antônio Pinheiro (PV).
A cadeira de Maluf, que não participou por discordar do número de participantes, ficou vazia dentro do estúdio. Sua decisão foi criticada pelos principais candidatos já no início.
"Quero lamentar a ausência de um candidato, um desrespeito à democracia", disse Genoino. "Eleição é julgamento. Quem foge ao debate ofende o eleitor", concordou Alckmin.
Os dois primeiros blocos foram monótonos, o que gerou críticas de políticos que acompanharam o debate. "Debate como este é péssimo. Derruba a audiência e espanta o telespectador", declarou o presidente do PSDB, José Aníbal.
Alckmin foi criticado pelas acusações de corrupção no Rodoanel, pela política educacional, pelo aumento da criminalidade, por ter vendido estatais como o Banespa e pela dívida do Estado.
Um dos poucos momentos de temperatura alta foi uma discussão entre Alckmin e Morais. Morais atacou a construção do Rodoanel, insinuando que houve corrupção, e o número de pedágios nas estradas, com suas "tarifas extorsivas". "A concordância com a existência do Rodoanel não subscreve as acusações de corrupção que cercam a obra. Se for para transformar o Rodoanel numa extensão da orgia que a gente tem em São Paulo, é preferível parar a obra", declarou Morais.
Alckmin pediu direito de resposta além de seu tempo normal, afirmando que a afirmação de Morais era "gravemente ofensiva". "Não admito história de corrupção. Isso é no quintal de outras pessoas, não aqui", disse, referindo-se a Orestes Quércia, candidato ao Senado na chapa de Morais.
Enquanto o tucano falava, Morais, batendo na mesa, começou a pedir direito de resposta ao mediador, que resolveu conceder. "Meu patrimônio, se vendido, não paga a metade dos outdoors a que eu tenho direito", reagiu.
No momento, a audiência registrou seu pico até então, de 7,5 pontos, segundo o Ibope (cada ponto corresponde a 47 mil domicílio em São Paulo). A média, até as 22h30, era de seis pontos.

Segurança
Após a discussão, foi a vez de Genoino atacar a gestão tucana, especificamente a política de transporte do governador. "O bilhete único de transporte, proposta do meu partido, acabou sendo barrado pelo atual governo."
Alckmin, mostrando que esperava artilharia pesada, contra-atacou, dizendo que pela primeira vez o bilhete de metrô custa menos que o ônibus em São Paulo.
Genoino também questionou o tucano sobre a segurança. "Quero me dirigir à mãe que está em casa, perguntar se ela tem tranquilidade se seu filho sair à rua. O investimento foi mal feito. Em 2001, você [Alckmin" deixou de gastar R$ 40 milhões na segurança."
Alckmin se defendeu destacando a compra de armas e equipamentos. "Esta é uma área em que não tem mágica. Não se resolve com palavrório. A polícia está mais bem treinada e equipada."
O tucano também atacou o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo (PT), especialista em segurança, que, segundo ele "tem causado enormes problemas quando a polícia enfrenta de maneira firme o crime".
Alckmin também foi criticado por seu programa de progressão continuada (aprovação automática de alunos) na educação.
Cabrera, ao abordar o assunto, prometeu rever o sistema. "Crianças estão passando de ano sem saber ler e escrever", disse ele, que criticou também a falta de reajustes salariais para os servidores.
Alckmin, na sua réplica, defendeu sua gestão na educação: "Aumentamos o tempo das aulas nas escolas. Os nossos professores foram os que tiveram o maior reajuste, apesar de ainda não ser o ideal", declarou.
O tucano também adotou como tática defender o equilíbrio nas contas públicas do Estado. "São Paulo está com a casa em ordem."
Morais, Pinheiro e Pittoli contestaram esse ponto. Morais prometeu como seu primeiro ato renegociar a dívida de São Paulo com a União. "Não é possível continuar nos termos atuais".
Alckmin, no final do debate, lamentou não poder ter respondido a todas as críticas. "Aqui é um candidato do governo contra todos. Vou responder a tudo durante a campanha", declarou.


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