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PT convoca militância para defender presidente
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Já trabalhando com a hipótese
de o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva enfrentar um processo de
impeachment, o comando do PT
convocou os movimentos sociais,
sua base histórica, para ir às ruas
em defesa de seu mandato.
Em reunião com 20 entidades, o
presidente do PT, Tarso Genro,
fez o apelo argumentando que este é o momento "mais tenso" da
crise até agora. Segundo avaliação
do secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, o depoimento à
CPI dos Correios do publicitário
Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula, poderia embasar um pedido de afastamento
do presidente por crimes contra o
sistema financeiro, fiscal e tributário, entre outros.
Numa audiência marcada por
muitas queixas, os movimentos
acataram o pedido do PT, mas
impuseram condições. A Executiva do partido e os movimentos
sociais querem ser recebidos por
Lula -a audiência já foi pedida,
segundo Berzoini- e querem
que o presidente se pronuncie à
nação, o que deve ocorre hoje.
Ficou acertado que a manifestação programada para o dia 16, em
Brasília, será o marco da defesa do
governo, mas pedirá também
mudança na política econômica e
punição contra os corruptos.
Com presença confirmada no
protesto, o MST foi a principal ausência da reunião.
O terceiro vice-presidente do
partido, Valter Pomar, disse temer ser tarde demais para a mobilização, dado o afastamento crescente entre o PT e os movimentos
sociais no governo Lula. "Lula
não caiu nem vai cair, mas que o
mundo caiu, caiu", disse João Felício, presidente da CUT.
Emergência
O depoimento de Duda foi
acompanhado pela TV com
apreensão. Tarso convocou, por
telefone, uma reunião "informal"
da Executiva para avaliá-lo. Dirigentes lançaram dúvidas sobre a
veracidade das declarações.
À imprensa, Tarso afirmou não
ter visto no depoimento de Duda
nada que prove que o dinheiro do
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza tenha sido usado
na campanha de Lula à Presidência. "Não há nenhuma legitimação moral e jurídica para a proposta de impeachment. Vamos
fazer todos os movimentos políticos jurídicos e sociais para defender o mandato do presidente. Não
há nenhum elemento de prova ou
nenhum documento que vincule
aos recursos do presidente."
Mas ele reconheceu que as declarações são graves. "São declarações muito graves, que mostram que havia uma articulação
internacional totalmente irregular que tem de ser investigada. Isso não é somente uma questão de
legislação eleitoral, diz respeito a
outras questões relacionadas com
crimes de natureza financeira,
que precisam ser investigados."
Pomar, candidato à presidência
do PT pela corrente Articulação
de Esquerda, considerou provável
que a oposição peça o afastamento de Lula. "Quem não considera
essa possibilidade está no mundo
da lua." E revidou: "Não somos o
PRN. Lula não é Collor, não vamos deixar que se coloque o governo em questão".
Berzoini afirmou que um pedido de impeachment, agora, poderá afetar a economia. "O Brasil
precisa ter responsabilidade para
assegurar que o crescimento econômico e o desenvolvimento social não sejam interrompidos por
aventuras golpistas", afirmou.
Ontem pela manhã, Tarso se
reuniu com Lula e cobrou uma
manifestação pública do presidente sobre a crise.
À tarde, reforçou sua sugestão
para que Lula convoque o Conselho da República para, entre outras medidas, chegar a uma proposta de minirreforma política.
Ele defendeu que o Brasil incorpore a experiência usada no combate ao crime financeiro na Itália
e na Espanha.
Colaborou Flávia Marreiro, da Reportagem Local
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