São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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MEMÓRIA

Atuação intelectual foi marcada por ultranacionalismo e apoio aos militares

Morre, no Rio, ensaísta Boaventura

DA SUCURSAL DO RIO

O escritor e ensaísta Jorge Boaventura, 82, conselheiro do Comando da Escola Superior de Guerra, morreu no início da noite de ontem, no Rio, em conseqüência de uma parada cardiorespiratória. Ensaísta, Boaventura marcou sua atuação intelectual como polemista de direita e de posições ultranacionalistas. Apoiou o regime militar (1964-1985).
Boaventura havia sido internado em julho, no Prontocor, na Tijuca (zona norte). Portador de mal de Parkinson, seu estado de saúde se agravou nas duas últimas semanas e ele teve de ser removido para a UTI do hospital, onde estava respirando com auxílio de aparelhos. Ontem, Boaventura teve uma parada cardiorespiratória provocada por uma infecção pulmonar. Morreu por volta das 18h. Deixou mulher e dois filhos.
O velório do escritor e ensaísta estava programado para ser realizado na própria clínica e o enterro acontecerá hoje às 12h, no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro.
Segundo parentes, em conseqüência da doença, Boaventura passou os últimos anos de sua vida em casa. Costumava escrever artigos para a Folha, na seção "Tendências/Debates".
O último deles foi publicado no dia 23 de março deste ano. Com o título de "Angústia e Paz", o escritor recorria ao pensador norte-americano Fulton Sheen para comentar que a "desordem que reina na sociedade reinou primeiro no coração e na mente dos que a compõem".
Dizia que a muitos leitores poderia parecer "careta" tal opinião e a eles pretendia se dirigir, "para que não continuem, sem o saber, sendo enganados pelos desvairados controladores de um poder mundial que (...) drena recursos da pobreza dos países mais pobres canalizando-os para aumentar a dos mais ricos".
A última obra de Boaventura foi o livro "Democracia Liberal, Neoliberalismo, Globalização: Caminhos Definitivos e Únicos do Progresso ou Estratégias de Domínio Mundial em Proveito de Poucos".
Jorge Boaventura defendia a idéia de que o plano menos perceptível da história, e que lhe dá sentido, é o plano da Providência: "pelo qual estamos já diante do final, iminente, da atual civilização, e do anúncio de uma nova era, melhor, de mais compreensão acerca do valor insubstituível do amor, de mais justiça, de mais paz e de mais união entre as pessoas e os povos".


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