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MEMÓRIA
Atuação intelectual foi marcada por ultranacionalismo e apoio aos militares
Morre, no Rio, ensaísta Boaventura
DA SUCURSAL DO RIO
O escritor e ensaísta Jorge Boaventura, 82, conselheiro do Comando da Escola Superior de
Guerra, morreu no início da noite
de ontem, no Rio, em conseqüência de uma parada cardiorespiratória. Ensaísta, Boaventura marcou sua atuação intelectual como
polemista de direita e de posições
ultranacionalistas. Apoiou o regime militar (1964-1985).
Boaventura havia sido internado em julho, no Prontocor, na Tijuca (zona norte). Portador de
mal de Parkinson, seu estado de
saúde se agravou nas duas últimas
semanas e ele teve de ser removido para a UTI do hospital, onde
estava respirando com auxílio de
aparelhos. Ontem, Boaventura teve uma parada cardiorespiratória
provocada por uma infecção pulmonar. Morreu por volta das 18h.
Deixou mulher e dois filhos.
O velório do escritor e ensaísta
estava programado para ser realizado na própria clínica e o enterro
acontecerá hoje às 12h, no cemitério São João Batista, em Botafogo,
zona sul do Rio de Janeiro.
Segundo parentes, em conseqüência da doença, Boaventura
passou os últimos anos de sua vida em casa. Costumava escrever
artigos para a Folha, na seção
"Tendências/Debates".
O último deles foi publicado no
dia 23 de março deste ano. Com o
título de "Angústia e Paz", o escritor recorria ao pensador norte-americano Fulton Sheen para comentar que a "desordem que reina na sociedade reinou primeiro
no coração e na mente dos que a
compõem".
Dizia que a muitos leitores poderia parecer "careta" tal opinião
e a eles pretendia se dirigir, "para
que não continuem, sem o saber,
sendo enganados pelos desvairados controladores de um poder
mundial que (...) drena recursos
da pobreza dos países mais pobres canalizando-os para aumentar a dos mais ricos".
A última obra de Boaventura foi
o livro "Democracia Liberal, Neoliberalismo, Globalização: Caminhos Definitivos e Únicos do Progresso ou Estratégias de Domínio
Mundial em Proveito de Poucos".
Jorge Boaventura defendia a
idéia de que o plano menos perceptível da história, e que lhe dá
sentido, é o plano da Providência:
"pelo qual estamos já diante do final, iminente, da atual civilização,
e do anúncio de uma nova era,
melhor, de mais compreensão
acerca do valor insubstituível do
amor, de mais justiça, de mais paz
e de mais união entre as pessoas e
os povos".
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