|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO WALDOMIRO
Relatório revela que ex-assessor ligou para ministro da Fazenda em março de 2004; ele havia negado manter relações com o ex-patrão
CPI descobre ligações de Buratti para Palocci
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um relatório em poder da CPI
dos Bingos, no Senado, aponta
que o advogado Rogério Tadeu
Buratti, acusado de tentar extorquir R$ 6 milhões da GTech para a
renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal em abril de
2003, telefonava para a casa do
ministro Antonio Palocci (Fazenda) antes de 25 de março de 2004.
Em depoimento na terça-feira à
CPI, Buratti negou que ainda
mantivesse relação com o ministro. Ele foi secretário de Governo
de Ribeirão Preto, em 1993 e 1994,
quando Palocci era prefeito. Afastado do cargo por suspeita de corrupção, Buratti desfiliou-se do PT
e, desde então, teria perdido contato com o ministro.
O presidente da CPI, senador
Efraim Morais (PFL-PB), disse
que Buratti mentiu no depoimento e envolveu Palocci ao esconder
as ligações. A partir da análise dos
telefonemas, o ministro pode ser
convocado a depor, disse Efraim.
A Folha apurou que, em fevereiro de 2004, Buratti ligou, no dia
7, duas vezes do telefone fixo para
a casa do ministro e outra vez, no
dia 21, de um celular. Uma das ligações durou 1,46 minuto e a outra, um minuto. Não havia informação sobre a terceira ligação.
O Ministério Público de São
Paulo, responsável pelo relatório,
informou que desconhecia as ligações feitas de Buratti para Palocci. Hoje, um levantamento de
todas as ligações para a casa do
ministro serão rastreadas e enviadas à CPI. Segundo informação
do Ministério Público, podem ter
ocorrido 40 ligações.
Chefe-de-gabinete
Outro contato telefônico de Buratti era com o celular do chefe-de-gabinete de Palocci, Juscelino
Antonio Dourado. Havia também
ligações para a suposta cafetina
Jeany Mary Corner, que, por solicitação de Marcos Valério, organizou duas festas com garotas de
programa na suíte presidencial do
hotel Gran Bittar em Brasília, segundo relato do empresário Ricardo Penna Machado à PF.
Na lista ainda aparece Ralf Barquete dos Santos, consultor da
presidência da Caixa de fevereiro
de 2003 a junho de 2003. Na época
de renovação de contrato com a
GTech, ocorreram 99 ligações entre Buratti e Barquete, que foi secretário de Palocci na Prefeitura
de Ribeirão Preto (2001-2002).
A CPI recebeu do Ministério
Público Estadual de São Paulo um
relatório datado de 29 de abril de
2004. A Promotoria investiga
fraudes em licitações de prefeituras paulistas na contratação de
coleta de lixo. Entre os investigados está a empreiteira Leão Leão,
da qual Buratti foi vice-presidente
até março de 2004. A CPI quebrou
os sigilos da Leão Leão.
A Promotoria pediu as contas
telefônicas de Buratti e recebeu a
lista de ligações mais freqüentes.
Escutas, feitas com autorização
judicial, foram iniciadas em 25 de
março de 2004, mas "nenhuma
conversa foi captada, levando a
crer que ante os fatos públicos,
[Buratti] abandonou as linhas
[grampeadas]", diz o relatório.
Em março daquele ano, estava
no auge a primeira crise no governo Lula, após Waldomiro Diniz,
ex-assessor do então ministro da
Casa Civil, José Dirceu, aparecer
em fita gravada em agosto de 2002
pedindo propina ao empresário
de jogos Carlinhos Cachoeira.
Waldomiro depôs ontem na
CPI e negou conhecer Buratti. Os
senadores resolveram convocar
Dirceu; a governadora do Rio,
Rosinha Matheus (PMDB); os ex-governadores Anthony Garotinho (PMDB) e Benedita da Silva
(PT), que empregaram Waldomiro na Loterj; e Geraldo Magela
(PT), candidato derrotado ao governo do DF, que teria recebido
de Waldomiro R$ 100 mil para
campanha por Cachoeira.
Texto Anterior: Mídia: TJ condena Folha a pagar indenização Próximo Texto: Outro lado 1: Fazenda não fala sobre ligações de Buratti a Palocci Índice
|