São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

É hoje só

"Tem que ser agora. Depois de aprovada a CPMF, o Lula não vai precisar mais da gente até o fim do mandato." A frase, dita por um líder da base aliada, resume o sentido de urgência perceptível na Câmara às vésperas da votação para prorrogar o imposto do cheque. Segundo um deputado com trânsito no Planalto, o governo se engana ao achar que bastará entregar os cargos acertados lá atrás, no início do loteamento do segundo escalão. O preço, ele afirma, já subiu.
Tão preocupada está a base com a perspectiva de se tornar desnecessária que surgiu em suas fileiras uma idéia criativa: aprovar a CPMF por apenas dois anos, e não quatro, de modo a obrigar Lula a recorrer aos parlamentares para não ficar sem o imposto em 2010.

Para o pau. De um dos vice-líderes do governo: "A CPMF virou o cartório de protestos da base. Quem tem um título do governo está fazendo fila para protestá-lo".

Também quero. O assanhamento dos aliados cresceu diante do exemplo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ameaçou fazer graça com a CPMF na Comissão de Constituição e Justiça e acabou obtendo a indicação de Luiz Paulo Conde para Furnas.

Corretivo. No PT, há quem tente convencer Lula a segurar a nomeação de Conde, forçando Eduardo Cunha a primeiro votar a favor do governo para só depois se dar bem.

Senha. Funcionários da Casa Civil e do governo em geral tremem quando Dilma Rousseff chama o interlocutor de "santinho", com aparente docilidade, antes de começar uma frase. É sinal de que a ministra vai castigar o infeliz com uma bronca daquelas.

Encolheu. A bancada pró-Renan no DEM diminuiu. Não bastasse a morte de Antonio Carlos Magalhães, que o defendia publicamente, o presidente do Senado já não sabe se pode contar com Heráclito Fortes (PI) e Romeu Tuma (SP). Garantido, ali, só Edison Lobão (MA), que reza pela cartilha de José Sarney.

A gestante. Em fase franco-atirador, Renan tem dito que a abertura de inquérito no STF será boa para que "as outras partes" do caso Mônica Velloso abram seus sigilos.

Pé de página 1. Alvo principal dos oposicionistas quando foi criada na Câmara a CPI do Apagão Aéreo, as denúncias de corrupção na Infraero terão pouco destaque no relatório final de Marco Maia (PT-RS). "Tecnicamente, não é possível dizer que houve superfaturamento de obras", diz o deputado.

Pé de página 2. Os governistas pretendem alegar que as auditorias realizadas pelo TCU e pela AGU, indicando sucessivos casos de sobrepreço nas obras dos aeroportos, são preliminares.

Por que não? Toda vez que se debate a ampliação dos aeroportos do interior paulista, alguém traz à tona a opção São José dos Campos, de pista longa e ótimas condições meteorológicas. Não foi diferente nos dias que se seguiram à tragédia em Congonhas.

Porque não. O aeroporto de São José dos Campos invariavelmente sai da pauta pouco depois de entrar. A FAB, que tem ali o Centro Tecnológico da Aeronáutica, não quer saber de incrementar a aviação comercial na área.

A missão. Anthony Garotinho (PMDB) e aliados tentam convencer Rosinha a disputar em 2008 a Prefeitura de Campos (RJ), onde tudo começou, como forma de reerguer o grupo. Ele mesmo cogitou se lançar candidato na capital, mas já arquivou a idéia.

Contágio. O neotucano Antonio Imbassahy, bem posto nas pesquisas em Salvador, teme a possível ida de Paulo Souto e outros ex-pefelistas para o PSDB. Alega que sua candidatura ganharia o carimbo de carlista, um prato cheio para os adversários.

Tiroteio

A avaliação dos tucanos sobre o governo Lula só prova que as coisas melhoraram, já que, no tempo deles, até a economia ia mal.


Da deputada federal MANUELA D'ÁVILA (PC do B-RS) sobre seminário realizado pelo PSDB no qual chegou-se à conclusão de que "a economia vai bem, mas o governo vai mal".

Contraponto

Vapt-vupt

No final da década de 50, Armando Rollemberg, deputado federal por Sergipe, foi convidado a participar de um comício na cidade de Propriá. O político vinha recebendo muitas ameaças. Assessores chegaram a aconselhá-lo:
-Se aparecer por lá, o senhor é um homem morto!
Mas Rollemberg decidiu aceitar o convite. Antes, por precaução, ligou para uma autoridade local:
-Não vamos ter nenhum problema aí, né?
Do outro lado da linha, o homem garantiu:
-Pode vir tranqüilo. Se por acaso o senhor for assassinado, será vingado em menos de 24 horas!


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