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Número de conselhos cresce 50% no governo Lula
Maioria, porém, é consultiva, reúne-se poucas vezes por ano e não tem regras claras para escolha de representantes da sociedade
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reformulação do Conac
(Conselho Nacional de Aviação
Civil) é reveladora do estilo de
gestão que vem marcando o governo Lula. Desde 2003, quando assumiu, o presidente aumentou em 50% o número de
conselhos em ministérios.
Foram criados ou reestruturados em seu mandato 23 conselhos, que agora se somam aos
43 de todos os governos anteriores. Apesar de o governo fazer questão de prestigiar suas
criações, poucos têm poder
real. A maioria é consultiva e
reúne-se poucas vezes por ano.
Alguns, como o Conselhão,
(Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), perderam status. Já o Consea (Conselho Nacional de Segurança
Alimentar), que nasceu como
auxiliar do Fome Zero, e o Conselho do Primeiro Emprego,
acabaram atropelados pelo fracasso dos programas.
Autor de um estudo sobre os
conselhos de Lula, o diretor-executivo da Associação Brasileira de ONGs, José Antonio
Moroni, diz que o petista tem
se diferenciado de governos anteriores. "Os conselhos eram
criados por força de lei. Hoje,
são em sua maioria criados espontaneamente. Isso é positivo, mas inclui um aspecto negativo. Os conselhos de Lula costumam ser consultivos e sem
regras claras para a sociedade
escolher seus representantes."
Segundo ele, o impacto dos
conselhos na definição de políticas de governo é incerto. "Às
vezes servem só para o governo
legitimar o que quer fazer."
Em média eles têm de 20 a 60
integrantes do que costuma ser
chamado de "sociedade civil",
além de representantes de ministérios. O Conselhão é o
maior, com 103 membros e orçamento anual de R$ 1,9 milhão. Membros dos conselhos
não ganham salário, recebem
apenas uma ajuda de custo.
"É importante que o governo
escute a população. Os técnicos
muitas vezes não têm a capacidade de desenhar uma política
que contemple toda a sociedade", diz Esther Albuquerque,
do Conselhão. Para a oposição,
o "conselhismo" é sinônimo de
paralisia. "Conselhos esbarram
na ineficiência do governo", diz
Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
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