|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONGRESSO
Partido deixou de obstruir votação para o refinanciamento de títulos emitidos de forma ilegal, segundo a Justiça
Amin critica ajuda de petistas a Alagoas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), enviou ontem carta ao líder do bloco
de oposição no Senado, senador
Eduardo Suplicy (SP), criticando
o PT por não ter impedido a aprovação no Senado do refinanciamento dos títulos do governo de
Alagoas, cuja emissão foi considerada ilegal pela Justiça e pelo Ministério Público.
"A decisão significa passar ao
contribuinte, por meio da União,
compromisso fraudulento, baseado em títulos fraudulentos, assim
reconhecidos pela Justiça brasileira", afirmou Amin na carta. Suplicy viajou ontem para Genebra,
Suíça, para participar de encontro
sobre renda mínima.
O governador disse que acompanhou a "pregação moralizadora" de Suplicy nos anos de convivência no Senado e, por isso, sabe
que o petista "conhece e avalia o
conteúdo criminoso dos interesses que o Senado acolheu ao aprovar o refinanciamento" dos títulos de Alagoas. Afirmou que em
Santa Catarina "falcatrua similar
não será coonestada pelo Senado"
e que "Vossa Excelência e o PT
não são os mesmos que conheci e
até respeitei".
No dia da votação, Suplicy afirmou que o PT deixaria de obstruir
a sessão, mas votaria contra a proposta. A resolução foi aprovada
em votação simbólica.
Segundo o líder, o presidente do
PT, deputado José Dirceu (SP),
fez um apelo para que a bancada
mudasse de posição, permitindo
a votação. O argumento era que
isso seria importante para "o clima de respeito" entre o PT e o
PSB do governador Ronaldo Lessa (AL).
Lessa disse que apelou a Dirceu.
"É preciso que o PT nos ajude.
Não é possível que vá ser justamente o PT a nos obstruir, se queremos estar juntos. Fiz apelos a
José Dirceu nesses termos", disse
Lessa. Senadores interpretaram o
entendimento como um gesto para facilitar o apoio do PSB ao presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva, em um eventual segundo turno das eleições.
Além disso, o próprio Lessa,
candidato à reeleição, será beneficiado. O valor dos títulos a serem
trocados por papéis da União é de
R$ 1,16 bilhão. O governador obteve com os credores um deságio
de 37% (cerca de R$ 429 milhões).
Esses recursos irão para os cofres
do Estado a menos de um mês das
eleições.
Queima
Entre os governadores que renegociaram as dívidas mobiliárias dos Estados com a União, Esperidião Amin foi o único a anular o montante relativo a títulos
emitidos -pelo governo anterior- para pagamento de precatórios que, segundo a Justiça, não
existiam.
"Anulamos os títulos que estavam em carteira e os queimamos
em praça pública, com autorização do Banco Central (BC). Em
relação aos títulos que estavam
vendidos, nós conseguimos judicialmente desconstituí-los como
títulos de dívida líquida e certa.
Não pagamos nada e os credores
têm que cobrar do Estado na Justiça, por meio de ações", disse o
governador Amin.
O senador Romero Jucá (PSDB-RR), vice-líder do governo articulador da votação, disse que "fraudulenta foi a motivação", ou seja,
a emissão dos precatórios. Mas
afirmou que a dívida existe, uma
vez que os títulos foram emitidos
e registrados no Banco Central e
que os credores os compraram
como um título normal.
Em troca do apoio do PT, líderes governistas incluíram na pauta a votação de uma resolução beneficiando o governador do Rio
Grande do Sul, o petista Olívio
Dutra.
Texto Anterior: Celso Pinto: As contas que o BC levou aos bancos Próximo Texto: Rio Grande do Sul: Suspeitos de propina em 96 devem ter sigilo quebrado Índice
|