São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2005

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CLIMA

Deputado faz ironia à mídia e ataca Gabeira

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma entrevista cercada de ironias à imprensa e frases de efeito, Severino Cavalcanti (PP-PE) escolheu ontem como um dos principais alvos em sua fala o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), com quem teve uma polêmica discussão no plenário da Câmara, há duas semanas.
O ataque a Gabeira ocorreu espontaneamente quando Severino respondia a uma questão na qual o deputado não fazia parte do contexto. Afirmou que "tinha votos porque tinha coragem de ir à tribuna e dizer que defende a família, que é um homem de fé" e, na seqüência, disparou contra o deputado do PV.
"Não escondo minha posição. Quando fui inquirido aqui pelos homossexuais, com o senhor Gabeira à frente, disse na cara deles, e eles bateram palmas para mim: Eu irei trabalhar, votar contra vocês, desceria da tribuna, como juiz", disse. "Não ando com maconha nem tóxico. Nem defendo que a juventude freqüente bar para fumar maconha", completou.
À Folha, Gabeira reagiu a Severino com um trecho da música "O tempo não pára", de Cazuza: "Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro. Transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro".
"Essa tática não pega", resumiu o deputado. "Ao resistir no cargo, ele quer se colocar acima de qualquer suspeita, mas não existe esse animal na floresta democrática."
Acompanhado por uma série de assessores, do advogado e de diretores da Câmara, Severino esquivou-se de perguntas que tratavam sobre assuntos técnicos e recorreu, alternadamente, ao diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, e ao assessor jurídico da Casa, Marcos Vasconcelos. "Para sua sorte, está aqui o diretor da Câmara para responder a essa pergunta", disse a uma das ocasiões, quando questionado por uma jornalista.
O presidente da Câmara também chegou a discutir com jornalistas que insistiam em certas perguntas, especialmente quando foi questionado sobre seu encontro com o ministro Jaques Wagner, horas antes da entrevista, ou sobre as críticas da oposição.
Com o dedo em riste diante das câmeras de TV, Severino diz ser vítima de uma "armação solerte e desavergonhada", criticou a "indústria do denuncismo que se instalou no país" e deu sucessivos tapas na mesa enquanto rechaçava as denúncias contra ele: "Mentiras! Mentiras! Mentiras!"
Após se autoclassificar como um "deputado pobre", embaraçou-se ao responder sobre quem pagava seu advogado, José Eduardo Alckmin, que respondeu: "O presidente Severino é uma pessoa amiga, ainda vamos negociar os honorários." (SN, MS E RB)

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