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CLIMA
Deputado faz ironia à mídia e ataca Gabeira
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma entrevista cercada de
ironias à imprensa e frases de efeito, Severino Cavalcanti (PP-PE)
escolheu ontem como um dos
principais alvos em sua fala o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), com quem teve uma polêmica discussão no plenário da Câmara, há duas semanas.
O ataque a Gabeira ocorreu espontaneamente quando Severino
respondia a uma questão na qual
o deputado não fazia parte do
contexto. Afirmou que "tinha votos porque tinha coragem de ir à
tribuna e dizer que defende a família, que é um homem de fé" e,
na seqüência, disparou contra o
deputado do PV.
"Não escondo minha posição.
Quando fui inquirido aqui pelos
homossexuais, com o senhor Gabeira à frente, disse na cara deles,
e eles bateram palmas para mim:
Eu irei trabalhar, votar contra vocês, desceria da tribuna, como
juiz", disse. "Não ando com maconha nem tóxico. Nem defendo
que a juventude freqüente bar para fumar maconha", completou.
À Folha, Gabeira reagiu a Severino com um trecho da música "O
tempo não pára", de Cazuza: "Te
chamam de ladrão, de bicha, maconheiro. Transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se
ganha mais dinheiro".
"Essa tática não pega", resumiu
o deputado. "Ao resistir no cargo,
ele quer se colocar acima de qualquer suspeita, mas não existe esse
animal na floresta democrática."
Acompanhado por uma série de
assessores, do advogado e de diretores da Câmara, Severino esquivou-se de perguntas que tratavam
sobre assuntos técnicos e recorreu, alternadamente, ao diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio,
e ao assessor jurídico da Casa,
Marcos Vasconcelos. "Para sua
sorte, está aqui o diretor da Câmara para responder a essa pergunta", disse a uma das ocasiões,
quando questionado por uma
jornalista.
O presidente da Câmara também chegou a discutir com jornalistas que insistiam em certas perguntas, especialmente quando foi
questionado sobre seu encontro
com o ministro Jaques Wagner,
horas antes da entrevista, ou sobre as críticas da oposição.
Com o dedo em riste diante das
câmeras de TV, Severino diz ser
vítima de uma "armação solerte e
desavergonhada", criticou a "indústria do denuncismo que se
instalou no país" e deu sucessivos
tapas na mesa enquanto rechaçava as denúncias contra ele: "Mentiras! Mentiras! Mentiras!"
Após se autoclassificar como
um "deputado pobre", embaraçou-se ao responder sobre quem
pagava seu advogado, José Eduardo Alckmin, que respondeu: "O
presidente Severino é uma pessoa
amiga, ainda vamos negociar os
honorários." (SN, MS E RB)
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