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Decisão sobre caças é só minha, diz Lula
Presidente afirma que escolha é política e estratégica; segundo ele, Rafale tem vantagem, mas compra não está definida
De acordo com Lula, Sarkozy foi o único presidente que "disse que quer não só transferir tecnologia, mas fazer o avião aqui", no Brasil
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante visita ao porto de Suape,
em Ipojuca (PE), que a decisão
sobre a compra dos aviões caça
pelo governo brasileiro será
"política e estratégica", exclusiva do presidente da República
"e de ninguém mais".
"A FAB [Força Aérea Brasileira] tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação
[sobre o modelo tecnicamente
mais adequado às necessidades
brasileiras]", disse Lula. "Ela
tem e vai fazer, e eu preciso que
faça. Agora, a decisão é política
e estratégica, e essa é do presidente da República e de ninguém mais", declarou.
O presidente deixou claro
que a vantagem atualmente é
do modelo francês Rafale, da
Dassault, mas negou que a decisão da compra esteja tomada.
"Estamos na fase dos palpites",
disse. "Quem quiser dar palpite
que dê, mas vai ter um dia que a
criança vai ter que nascer".
Ele afirmou que o governo
brasileiro não abre mão da
transferência de tecnologia para fechar o negócio e contou
que, até o momento, apenas o
presidente francês, Nicolas
Sarkozy, ofereceu a alternativa.
"Nós queremos transferência de tecnologia e queremos
construir esses aviões no Brasil", afirmou. "O Sarkozy foi o
único presidente que disse textualmente para mim que quer
não só transferir tecnologia,
mas fazer o avião aqui, e que o
Brasil tem disponibilidade de
vender o que for produzido para a América Latina", declarou.
Segundo Lula, "essa é a única
coisa concreta" que existe.
"Agora, se alguém quiser ofertar mais, que oferte. Negociação é assim", falou. Em relação
à proposta francesa, ele disse
que falta saber se a Dassault está "disposta a flexibilizar".
Sobre o comunicado da Embaixada dos EUA, que admite a
transferência de tecnologia na
negociação do caça americano
F-18, ele disse que não recebeu
pessoalmente nenhuma oferta.
Lula reiterou que a única
proposta efetiva é a de Sarkozy.
"Por enquanto é isso que temos, e temos muito tempo para
decidir, porque não tenho obrigação de decidir amanhã, depois de amanhã, no ano que
vem. Eu decido quando quiser".
Lula disse que, em 2003, suspendeu a discussão sobre a
compra dos caças porque encontrou o país "numa miséria
absoluta". "Mas com essa história de o Brasil ter hoje muito
mais preocupação com a Amazônia, e também porque discutimos outra reserva extraordinária, o pré-sal, temos que cuidar disso, porque já sabemos a
quantidade de guerra que já
houve por conta do petróleo".
O prazo para a revisão das
propostas comerciais para a
compra dos caças passou do dia
18 para o dia 21 deste mês, e a
expectativa é que a análise técnica seja concluída até o fim de
outubro, conforme notas divulgadas ontem pela Defesa e pela
Aeronáutica.
A Aeronáutica informa que o
governo francês assumiu o
compromisso de que a empresa
Dassault irá ofertar o caça Rafale com o mesmo preço que
cobra às próprias Forças Armadas da França.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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