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OPOSIÇÕES
Divisão entre radicais e moderados vai se acirrar no encontro de novembro
"Fora FHC" racha PT em congresso
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
O PT deve repetir no seu 2º
Congresso Nacional, que acontecerá em novembro na cidade de
Belo Horizonte, a mesma polarização entre radicais e moderados
que vem dando o tom dos últimos
encontros do partido.
A diferença agora são os temas
que devem causar polêmica, entre
eles, a defesa ou não do impeachment do presidente Fernando
Henrique Cardoso -bandeira da
"esquerda" do PT, que sustenta
claramente a necessidade de antecipar as eleições de 2002.
"O PT tem que radicalizar. Se
for para a moderação, vai perder
espaço para o Ciro Gomes. A
"Marcha dos 100 Mil" pediu o "Fora FHC-FMI". Ninguém duvida
disso", diz o deputado Milton Temer (RJ), nome da ""esquerda"
petista à presidência do partido.
"Em que refrescaria o problema
fazer eleições agora? O Congresso
teria que tomar essa decisão, e esse Parlamento não o faria. Precisaria haver um agravamento
maior da crise, ou melhor, de sua
percepção. E a sociedade teria de
estar mais mobilizada do que no
governo Collor", afirma o historiador Marco Aurélio Garcia, da
Executiva Nacional do PT, e representante dos moderados.
As questões programáticas prometem dividir as alas. Os radicais
querem o rompimento do Brasil
com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a suspensão do pagamento das dívidas interna e externa e a estatização do sistema financeiro. Os moderados falam
em "redefinição" do perfil do débito interno, em ter um controle
mais rígido do sistema financeiro,
não defendem rompimento com
o FMI, nem tampouco moratória.
A disputa política deverá repetir
o cenário do último encontro nacional do PT, realizado em 97. Pela "esquerda", Milton Temer (RJ)
sairá candidato novamente. O
atual presidente petista, José Dirceu (SP), deve ser o candidato da
ala mais moderada, que hoje tem
maioria no partido.
Se for eleito, Dirceu -que por
enquanto evita falar na sua candidatura- vai para seu terceiro
mandato na presidência do PT.
A novidade que poderá surgir é
a entrada em cena de um terceiro
grupo: o liderado pelo ex-prefeito
de Porto Alegre Tarso Genro, que
está articulando a formação de
uma nova força política no partido, apelidada de "Rede".
Esse grupo pensa em lançar um
candidato à presidência. Entre as
opções, estão o deputado Arlindo
Chinaglia (SP) e o ex-deputado
Jaques Wagner (BA).
Os radicais acreditam que, apesar das divergências que têm com
a "direita", o resultado final do
congresso pode ser uma guinada
para a esquerda. "Existe uma certa radicalização social na base do
partido por causa da crise", diz o
moderado José Genoino (SP).
No PT, existe consenso de que é
preciso intensificar a oposição a
FHC. O próprio Dirceu, que evita
falar em "Fora FHC", não descarta a possibilidade do impeachment. "Ou o governo muda o modelo ou o Brasil muda de governo", afirma.
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