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Cúpula tentou atingir corregedor
SUCURSAL DE BRASÍLIA
As gravações obtidas pela Folha
revelam que auxiliares de Jorge
Rachid buscavam nos bastidores
dados que pudessem ser usados
para desgastar a imagem de Moacir Leão, corregedor do fisco.
A julgar pelo conteúdo dos diálogos, o secretário da Receita Federal manteve-se informado sobre toda a movimentação. A principal evidência é uma conversa
entre Leonardo Couto e Flávio
Franco Corrêa. O primeiro era, à
época do grampo, secretário-adjunto de Rachid. O segundo é auditor fiscal no Rio. Ambos são
amigos de Rachid.
No curso do diálogo, Corrêa e
Couto mencionam o nome de um
outro auditor fiscal, Edson Pedrosa. Desafeto de Moacir Leão, é autor de representação contra o corregedor. Acusa-o de promover
gastos supostamente excessivos
com diárias de viagem.
Leão rebate. As diárias referem-se, diz ele, a despesas regulares de
auditores em missões de combate
à corrupção. Na semana passada,
Leão disse ter recebido a informação de que a denúncia de Pedrosa
fora "forjada" no gabinete de Rachid. O secretário diz que nem
mesmo conhece Pedrosa. Mas o
conteúdo das gravações indica
que a acusação de Pedrosa, de fato, chegou a Brasília pelas mãos
de Couto, o adjunto de Rachid.
Nas gravações, Corrêa diz para
Couto: "O Edson fez aquela representação, já pra poder dar um instrumento, pra poder dar uma
porrada no cara, né? E aí tava agora me perguntando o que que vocês vão fazer com isso".
E Couto: "Tem que ver também
a questão do timing [...] Porque
você vai montar uma comissão de
inquérito. Tem que ser um negócio contra o cara [Moacir Leão],
tem que tomar muito cuidado
com quem você vai colocar, de
que forma que vai conduzir, e tal.
E [...] nem todo mundo que viu
aquilo [a representação de Pedrosa contra Leão] achou que tem
elementos pra alguma coisa [...]."
Correa faz um alerta a Couto:
"Ele [Pedrosa] falou o seguinte:
olha, eu não quero fazer isso não,
mas se o Rachid não fizer nada, eu
vou representar contra o Rachid".
Correa transmitiu a Couto também a sua opinião sobre o assunto: "Eu não sei por que que isso aí
já não teve um desfecho, porra.
Pega essa coisa, enfia na mão do
ministro, o ministro lê, conversa
com o procurador da Fazenda pra
dar respaldo, o c..., porque o procurador vai fazer evidentemente
tudo aquilo que você achar que
ele tem que fazer. Porra, eu não
consigo entender."
(LS e JS)
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