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Apoena tentava obter porte de arma
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O sertanista José Apoena Soares
de Meireles, assassinado a tiros na
noite de sábado em Porto Velho,
em Rondônia, tinha marcados
para ontem exames em Brasília
com o objetivo de obter porte de
arma, disse o vice-presidente da
Funai, Roberto Lustosa.
Funcionários da fundação que
compareceram ontem ao velório
do sertanista -que presidiu a Funai em 1985 e 1986- em Brasília
disseram que Apoena relatara a
amigos que estava sendo perseguido. Apesar disso, a Funai e o
Ministério da Justiça disseram
que as suspeitas maiores são de
que o sertanista tenha sido vítima
de latrocínio (roubo seguido de
morte). Ele foi assassinado quando deixava o caixa eletrônico de
uma agência do Banco do Brasil
em Porto Velho.
O sertanista estava na região
coordenando uma força-tarefa
que tem como objetivo mediar
conflito entre índios e garimpeiros na reserva Roosevelt, local da
morte, por índios cintas-largas, de
29 garimpeiros em abril deste
ano. "A princípio, os indícios
apontam realmente para latrocínio, mas todas as hipóteses estão
sendo investigadas", disse o secretário-executivo do Ministério
da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Segundo ele, a Polícia Federal está
auxiliando a investigação da Polícia Civil de Rondônia.
O vice-presidente da Funai afirmou que a obtenção do porte de
arma se justificaria pelo risco inerente à tarefa que Apoena desempenhava em Rondônia. "Nenhuma hipótese pode ser descartada
tendo em vista os altos interesses
em jogo na área", afirmou.
Acerto
O sertanista acertaria nesta semana com lideranças indígenas a
retirada de máquinas (dragas e
retroescavadeiras) do garimpo de
diamantes da aldeia dos cintas-largas. A informação é do gerente
do garimpo, Pandere Cinta-Larga, 30. O coordenador de Operações Especiais de Fronteiras da
Polícia Federal, delegado Mauro
Sposito, disse ontem que Apoena
articulava com os índios uma nova ação, planejada em sigilo pelo
governo federal, para fechamento
definitivo do garimpo localizado
dentro da terra indígena Roosevelt em Espigão do Oeste (534 km
de Porto Velho).
"Nós estávamos de acordo em
tirar todo o material do garimpo.
Iam entrar com cinco ou seis caminhões para tirar tudo o que tinha lá dentro. Íamos fazer isso
nesta semana", afirmou Pandere.
Após o confronto de abril, os
cintas-largas firmaram, em maio,
um acordo com a Polícia Federal
para desativar o garimpo, mas um
grupo de líderes indígenas teria
retomado a extração de diamantes. Pandere nega.
Colaborou a Agência Folha em Manaus e
em Campo Grande
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